O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) está de olho em uma ideia inovadora para ajudar países em desenvolvimento a conseguirem mais dinheiro para projetos de energia limpa, como painéis solares e fazendas eólicas. A ideia é usar um pouco de dinheiro público para “destravar” bilhões do setor privado, que é onde está a maior parte da grana.
Essa proposta vem de Avinash Persaud, um conselheiro especial do BID, que é liderado pelo brasileiro Ilan Goldfajn. Segundo ele, esse plano pode trazer muito dinheiro novo para a economia verde nos próximos anos. Isso ajudaria a cobrir uma parte importante dos US$ 1,3 trilhão por ano que os países em desenvolvimento precisam para investir em ações contra as mudanças climáticas.
Como a ideia funcionaria na prática
Imagine que um projeto de energia solar em um país em desenvolvimento já conseguiu um empréstimo de um banco particular. Esse projeto está funcionando bem e dando lucro, então o risco de não pagar é baixo.
O problema é que muitos grandes investidores, como fundos de pensão, têm regras muito rígidas. Como esses projetos estão em países com uma nota de crédito mais baixa (o que indica um risco maior para os investidores), esses grandes fundos não podem investir neles.
É aí que entra o BID e outros bancos de desenvolvimento. A ideia é que esses bancos comprem esses empréstimos que já existem. Ao fazer isso, eles liberam o dinheiro que o banco particular estava usando.
Mas tem um detalhe importante: quando o banco de desenvolvimento compra o empréstimo, ele dá uma pequena quantia a mais para o banco particular. Em troca, o responsável pelo projeto de energia limpa (que agora tem seu empréstimo “comprado” pelo BID) tem que prometer usar o dinheiro extra em novos projetos de energia limpa.
Como os bancos de desenvolvimento têm uma ótima reputação e uma nota de crédito impecável, eles podem dar garantias de que esses empréstimos serão pagos. Com essa garantia, os empréstimos se tornam “atraentes” para aqueles grandes investidores que antes não podiam investir.
É como criar um “círculo virtuoso”: os projetos que já existem geram dinheiro, esse dinheiro é reinvestido em novos projetos, e isso faz a energia limpa crescer cada vez mais. Avinash Persaud disse que a ficha caiu quando ele viu que só na América Latina já existem cerca de US$ 50 bilhões em empréstimos de projetos verdes que dão lucro.