Na foz do rio Amazonas, a Ilha das Cinzas é um território preservado diretamente pelo trabalho de 280 famílias extrativistas que coletam e vendem sementes de espécies típicas da região com propriedades cosméticas e medicinais. Essa iniciativa agora será impulsionada pela inauguração de uma agroindústria, trazendo ganhos para a geração de renda e a sustentabilidade na comunidade.
Uma parceria entre a Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas da Ilha das Cinzas (ATAIC), a Natura e a WEG possibilitou a construção do espaço, que conta com energia solar e é operado com sistema de armazenamento de energia em baterias. Dessa forma, deve ocorrer uma redução do consumo de diesel na região.
Além disso, a nova estrutura permite aumentar a produtividade de forma sustentável, agregando valor com a comercialização de óleos e manteigas vegetais em vez de somente sementes e amêndoas. De acordo com as estimativas, a renda da população pode aumentar 60% com o beneficiamento dos produtos.
“O complexo funciona como um laboratório de tecnologias sociais. Além disso, contribui diretamente para o empoderamento das mulheres da comunidade, ampliando sua participação nas atividades produtivas e na geração de renda local”, explica o presidente da ATAIC, Francisco Malheiros.

Com mais de 30 anos de trajetória, a associação atua com a coleta e o beneficiamento de sementes da Amazônia tendo como principal cliente a indústria de cosméticos interessada pelas propriedades hidratantes, anticelulíticas e antiinflamatórias de espécies como patauá, andiroba, muru-muru e ucuuba. Neste trabalho, são 280 famílias coletoras, sendo que 120 delas são lideradas por mulheres.
Outra frente de trabalho é com o desenvolvimento de sistemas agroflorestais baseados em árvores frutíferas e a venda para programas governamentais de segurança alimentar. A iniciativa vem contribuindo para o desenvolvimento social e ambiental da ilha, formalizando cadeias de valor que vão do camarão ao açaí.
“Com essa iniciativa, a ATAIC reafirma seu compromisso com o desenvolvimento sustentável, o fortalecimento das comunidades tradicionais e a manutenção da floresta em pé”, ressalta Francisco Malheiros.