O mundo teve o segundo maio mais quente de sua história em 2025. Segundo dados do Observatório Europeu, as temperaturas estiveram 1,4°C mais altas do que no período pré-industrial de 1850-1900, quando os humanos começaram a queimar combustíveis fósseis. O índice só é menor do que o registrado em maio de 2024, o ano mais quente da história.
Com o calor, o derretimento da Groenlândia, em maio, foi 17 vezes mais rápido que a média, segundo os especialistas. E isso é uma péssima notícia por vários motivos.
As geleiras, grandes massas de gelo que se acumulam em terra firme – seja em montanhas ou nas calotas polares da Groenlândia e da Antártica – são verdadeiros reservatórios de água doce do planeta. Por milênios, elas atuaram como termômetros naturais da Terra. No entanto, com o avanço das mudanças climáticas, essas gigantes de gelo estão encolhendo em um ritmo alarmante, e seu derretimento tem consequências profundas e diretas para os oceanos e para a vida em nosso planeta.
A mais evidente é o aumento do nível do mar. Ao contrário do gelo marinho (que já está flutuando na água e, ao derreter, não altera significativamente o volume do oceano, similar a um cubo de gelo num copo d’água), o derretimento das geleiras e das calotas polares adiciona água que antes estava retida em terra diretamente aos oceanos.
Juntamente com a expansão térmica da água (quando a água esquenta, ela se expande), o derretimento do gelo terrestre é a principal causa do aumento do nível do mar que observamos hoje.
O aumento do nível do mar pode levar a inundações de cidades costeiras, erosão de praias, dunas e falésias, e a invasão de água do mar em reservatórios subterrâneos e áreas agrícolas próximas à costa. Isso contamina fontes de água doce para consumo humano e inviabiliza o cultivo em terras que antes eram férteis, afetando a segurança hídrica e alimentar.
Água doce invade o mar
As geleiras e calotas polares liberam água doce no oceano. Essa água, sendo menos densa que a água salgada, impactam as correntes oceânicas. As correntes são como “esteiras transportadoras” que distribuem calor, nutrientes e oxigênio por todo o globo.
Uma grande entrada de água doce pode diminuir o sal da água em regiões críticas, tornando-a menos densa e dificultando seu afundamento (processo essencial para a formação de correntes profundas). Uma interrupção ou desaceleração dessas correntes pode ter consequências globais, alterando o clima de alguma regiões e a distribuição e adaptação de animais e plantas marinhas.
Outro efeito devastador é que o derretimento do gelo contribui para um ciclo vicioso. Geleiras e calotas de gelo são brancas e refletem grande parte da luz solar de volta para o espaço. Quando elas derretem, a área que antes era branca é substituída por oceanos escuros ou terra, que absorvem muito mais calor. Essa absorção adicional acelera o aquecimento das águas e, por sua vez, intensifica o derretimento do gelo restante, criando um ciclo vicioso de aquecimento e perda de gelo.