Cerca de 546 mil pessoas morrem por ano em todo o mundo por causa do calor. Somadas ao número de mortes por poluição, são mais de 3 milhões de vidas perdidas todos os anos. Esses dados alarmantes são do relatório “Lancet Countdown on Health and Climate Change” ( Contagem regressiva em saúde e mudanças climáticas), elaborado por mais de cem cientistas de diversos países para a revista The Lancet, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O documento, divulgado a menos de 15 dias da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém (PA), de 10 a 21 de novembro, faz um apelo pela redução do uso de combustíveis fósseis e das emissões de gases de efeito estufa e, ainda, por adaptações que minimizem seus efeitos para a população.
“O balanço apresenta um quadro sombrio e inegável das consequências devastadoras das mudanças climáticas – com ameaças sem precedentes à saúde devido ao calor e a eventos climáticos extremos – que já estão matando milhões de pessoas”, alerta Marina Romanello, diretora executiva do Lancet Countdown na University College London.
Um dos principais destaques do relatório é o aumento no número de dias de calor extremo anualmente – e como isso já impacta a saúde da população.
Em nível mundial, cada pessoa esteve exposta, em média, a um recorde de 16 dias de calor extremo em 2024. Em locais como o norte da América do Sul e partes da África Subsaariana, o período de onda de calor superou os 40 dias.
Outro dado alarmante: apenas em 2024, outras 154 mil mortes foram provocadas pela fumaça dos incêndios florestais.
Situação no Brasil e na América Latina
A revista também divulgou um compilado de dados focados no Brasil e na América Latina:
- Brasil – Mortalidade:
- Estimam-se 7,7 mil mortes anuais associadas à fumaça dos incêndios florestais no período de 2020 a 2024.
- O país registra, anualmente, cerca de 3,6 mil mortes relacionadas ao calor, considerando o período de 2012 a 2021.
- Brasil – Ondas de Calor e Seca:
- A população brasileira foi exposta a 15,6 dias de onda de calor, em média, e 94% desses dias não teriam ocorrido sem as mudanças climáticas.
- A proporção de terras que experimentaram pelo menos um mês de seca extrema por ano atingiu 72% no período de 2020 a 2024, um aumento de quase dez vezes em relação às décadas de 1950 e 1960.
- América Latina:
- A temperatura média da região cresceu constantemente desde os anos 2000, alcançando um recorde de 24,3 °C.
Apesar disso, o relatório manifesta esperança nas negociações internacionais, ressalvando que “construir um futuro resiliente exige transformar fundamentalmente nossos sistemas de energia e reduzir nossa dependência de combustíveis fósseis”.


