O Banco Mundial autorizou nesta terça-feira (21), sua atuação como administrador e anfitrião interino do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), iniciativa inovadora global liderada pelo Brasil e criada para proteger e conservar as florestas tropicais do mundo para as futuras gerações.
O Banco Mundial fornecerá ao TFFF uma estrutura administrativa robusta, incluindo supervisão fiduciária e relatórios de transparência, garantindo que o fundo opere com os mais altos padrões de governança, responsabilidade e previsibilidade. O Banco também atuará como trustee, repassando os recursos gerados pelo TFFF aos governos, de acordo com as diretrizes do próprio fundo.
A proposta é levantar um total de US$ 125 bilhões, com um fluxo de US$ 4 bilhões por ano para os países que garantirem a conservação de suas florestas.
Esse arranjo permitirá que o TFFF avance com confiança e eficiência em sua missão: mobilizar e sustentar patamares inéditos de financiamento para a proteção, restauração e gestão de longo prazo das florestas tropicais em todo o mundo.
Uma das principais apostas do Brasil para a COP30, o TFFF foi projetado para se tornar o maior fundo florestal global da história. O objetivo é garantir financiamento contínuo e baseado em desempenho para países e comunidades que conservam com sucesso as florestas tropicais, reconhecendo seu papel essencial na regulação do clima, preservação da biodiversidade e promoção do desenvolvimento sustentável.
Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a decisão do Banco Mundial transforma o TFFF de uma ideia em uma realidade plenamente operacional.
“Por meio de um processo técnico rigoroso e transparente, o Banco forneceu a credibilidade e a estrutura necessárias para tornar essa inovação possível. Com essa base estabelecida, o TFFF está agora pronto para que outros países sigam o exemplo do Brasil, fazendo seus próprios aportes, transformando essa iniciativa no mecanismo de investimento mais inovador e eficaz para a proteção das florestas na história do financiamento climático”, avalia o ministro.
Estrutura de governança
Como anfitrião interino do Secretariado do TFFF, o Banco Mundial também apoiará as operações iniciais do mecanismo, bem como funções de coordenação e de relatórios, enquanto uma sede institucional permanente será estabelecida.
A estrutura de governança do TFFF contará com um Conselho Diretor, do qual participarão tanto países florestais tropicais quanto países investidores. Para assegurar a inclusividade nos debates, prevê-se também a criação de um conselho consultivo de povos indígenas e comunidades locais e de um painel técnico e científico.
O Fundo Florestas Tropicais para Sempre representa um passo ousado rumo a um financiamento duradouro e escalável para a conservação florestal, unindo governos, investidores e comunidades em um compromisso compartilhado de proteger os ecossistemas tropicais para sempre.
Sobre o TFFF
O TFFF opera com base em uma lógica de mercado, alavancando recursos privados a partir de um investimento inicial de governos e entidades públicas. A cada US$ 1 aportado por países investidores, a expectativa é mobilizar cerca de US$ 4 do setor privado, criando um fundo fiduciário permanente.
Anunciada pelo Brasil na COP28, em Dubai, a iniciativa foi construída em diálogo com outros dez países – cinco florestais (Colômbia, Indonésia, Malásia, Gana e República Democrática do Congo) e cinco potenciais apoiadores –, dezenas de organizações da sociedade civil e representações de povos indígenas e comunidades tradicionais de todo o mundo.
Em setembro, durante evento na ONU, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que o Brasil vai investir US$ 1 bilhão (equivalente a R$ 5,3 bilhões) na fatia de países soberanos. O aporte do Brasil é condicionado ao apoio de outros países ao fundo.
Diferentemente de outros mecanismos de financiamento ambiental, o TFFF não se baseia em doações, mas em investimentos feitos por países, filantropias e empresas em um fundo.
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