O ciclo da água em todo o mundo se tornou mais instável e extremo, alternando entre enchentes e secas. Esta é a conclusão do novo relatório da Organização Meteorológica Mundial, OMM, que revela, que nos últimos seis anos, apenas um terço das bacias hidrográficas globais manteve condições normais de vazão, enquanto os dois terços restantes enfrentaram escassez ou excesso de água.
A seca severa em 2024, diz o relatório, deixou vazões muito abaixo do normal em bacias importantes, como as dos rios Amazonas, São Francisco e Paraná, no Brasil, além de bacias na América do Sul e na África Austral. Em contrapartida, outras regiões, incluindo partes da África, da Ásia e da Europa Central, sofreram com enchentes.
O estudo lembra que o Brasil vivenciou extremos, com enchentes catastróficas no sul do país, que causaram 183 mortes, e a continuação da seca de 2023 na Bacia Amazônica, que afetou 59% do território nacional.
“Os recursos hídricos do mundo estão sob crescente pressão e, ao mesmo tempo, a intensificação dos eventos extremos relacionados com a água está tendo um impacto crescente nas vidas e nos meios de subsistência”, disse a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, citada em comunicado.
A perda de geleiras, pelo terceiro ano consecutivo em 2024, também é um ponto de alerta. Muitas geleiras pequenas já estão próximas do “ponto máximo de água”, o que significa que o derretimento atingiu seu pico anual e diminuirá nos anos seguintes. O relatório estima que 450 milhões de toneladas de gelo foram perdidas, uma quantidade suficiente para elevar o nível global do mar em cerca de 1,2 milímetro em um único ano.
De acordo com a ONU, cerca de 3,6 bilhões de pessoas não têm acesso adequado à água durante pelo menos um mês por ano. Prevê-se que este número ultrapasse os cinco bilhões até 2050.