A preservação da Amazônia é fundamental não só para o meio ambiente, mas também para o seu prato! Um novo estudo do Instituto Tecnológico Vale (ITV) na Floresta Nacional de Carajás, no sudeste paraense, revelou o valor inestimável da flora nativa, especialmente para a polinização agrícola. A pesquisa aponta que a floresta em pé contribui para a polinização de 13 culturas importantes para a economia local, como cacau, maracujá e açaí, gerando um valor estimado em US$ 4,5 milhões (cerca de R$ 23,3 milhões) por ano só nessa atividade.
Publicado na revista Ecosystem Services nesta sexta-feira, 30, o trabalho do ITV, realizado entre 2019 e 2023, mostra o papel essencial da floresta para regulação do clima. Ela pode reduzir a temperatura local em até 0,4°C e aumentar em 21% a evapotranspiração, processo que envolve a evaporação de água do solo e a transpiração das plantas.
A pesquisa investigou a importância das espécies para a natureza e para os humanos. Foram registradas 467 espécies de animais e 418 de plantas. Entre elas, 11% das aves e 9% das plantas estão ameaçadas.
Os resultados mostram que 60% das espécies são insubstituíveis para o funcionamento da floresta. Sem elas, o ambiente seria prejudicado de forma irreversível, já que nenhuma outra espécie ou tecnologia poderia cumprir seus papéis. Além disso, 42% das plantas são usadas por comunidades tradicionais da região, com até quatro utilidades diferentes.
A pesquisa busca ir além dos valores em dinheiro, mostrando o real capital natural da floresta para mantê-la viva, saudável e funcionando em sua plenitude.
“Quando você transforma a natureza em dinheiro, você tem uma sustentabilidade fraca, porque você desconsidera que alguns elementos são insubstituíveis”, afirmou à Agência Bori Tereza Cristina Giannini, pesquisadora do ITV e coautora do artigo.
De acordo com a pesquisadora, é preciso que o conceito de capital natural seja mais conhecido por empresas, governos e comunidades locais para que eles compreendam melhor o que está em jogo ao decidir explorar ou proteger áreas naturais. Para ela, essa visão que vai além dos valores financeiros é necessária para realidades complexas como a da Amazônia.
“O valor da floresta é subjetivo e plural. Para um ribeirinho pode ser algo completamente diferente do que para quem está na cidade. Com essa abordagem, se ganha essa nuance do que é de fato valioso para as pessoas em termos da natureza”, frisa Tereza Giannini.