Em junho de 2025, a Amazônia viu o desmatamento diminuir em 18% (326 km²) na comparação com o ano passado. No entanto, os números acumulados de agosto de 2024 a julho de 2025 mostram um aumento de 11% na destruição da floresta.
Mesmo com a baixa observada, a área desmatada em junho ainda equivale à perda de mais de mil campos de futebol por dia, observa Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.
“Essa baixa pode refletir os resultados das ações de prevenção e fiscalização, mas os números elevados indicam que a vegetação nativa segue sendo destruída em ritmo preocupante e reforçam a necessidade de intensificar essas medidas”, explica.
O Pará, mais uma vez,figurou entre os estados com as maiores áreas desmatadas na Amazônia, registrando 25% do total, ao lado do Amazonas (28%) e Mato Grosso (26%). Esses três estados somaram 79% de toda a devastação identificada.
Os dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon mostram que a destruição das florestas vem crescendo ao longo do ano. Mas é importante lembrar que, embora haja esse avanço recente, os anos mais críticos da série histórica, com as maiores perdas registradas pelo monitoramento, foram de 2021 a 2023.
Ranking dos municípios
No ranking dos municípios mais afetados pelo desmatamento, o Pará teve três cidades na lista: Itaituba, Jacareacanga e São Félix do Xingu.
Além disso, o Pará possui seis das 10 unidades de conservação que mais sofreram com a derrubada da vegetação, mostrando a intensa pressão nessas regiões. A APA do Lago de Tucuruí chama a atenção por estar entre as mais desmatadas há cinco meses seguidos, desde fevereiro de 2025.
“É preocupante a recorrência de algumas áreas protegidas no ranking, já que são destinadas ao uso sustentável. Isso significa a ocorrência de crimes ambientais dentro desses territórios. Por isso, eles devem ser o foco das ações de monitoramento e fiscalização, garantindo a proteção dos ecossistemas e das comunidades”, afirma a pesquisadora do Imazon Manoela Athaíde.
Campeão em degradação florestal
O Pará se destacou negativamente também na degradação florestal da Amazônia. Entre agosto de 2024 e junho de 2025, o bioma teve 34.924 km² de florestas degradadas – uma área quatro vezes maior que no período anterior –, impulsionada pelas queimadas de setembro e outubro de 2024. O Pará foi responsável por 57% de toda a degradação detectada na Amazônia em junho.
Diferente do desmatamento, a degradação (principalmente por queimadas e exploração madeireira) aumentou 86% em junho de 2025, atingindo 207 km² no mês.
Além disso, o Pará abriga seis dos 10 municípios com a maior área de vegetação degradada (totalizando 88 km²), quatro das 10 unidades de conservação mais impactadas, e a Terra Indígena Kayapó, a mais degradada, com uma área equivalente a 1.300 campos de futebol afetados.
“Essa época do ano, historicamente, não corresponde à fase mais crítica de queimadas na Amazônia. Então, a elevação que observamos representa um sinal de alerta. Isso indica uma tendência preocupante de intensificação desse tipo de evento, o que reforça a necessidade de atenção e respostas mais rápidas e eficazes”, observa Larissa.