O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), em parceria com líderes de diversos países, criou uma nova plataforma internacional chamada Bioeconomy Challenge. O objetivo é tirar do papel as 10 principais diretrizes da bioeconomia (ideias de como usar os recursos naturais de forma sustentável) e transformá-las em projetos práticos e de grande escala, com metas claras até 2028.
Na prática, o Bioeconomy Challenge, um dos legados da COP30, garante que a bioeconomia seja vista como uma solução central para enfrentar a crise climática, dando continuidade ao trabalho iniciado no G20 pela Iniciativa de Bioeconomia (GIB).
O Bioeconomy Challenge propõe avançar com a definição de métricas concretas, expandir soluções financeiras e mercados que garantam a conservação da natureza, e consolidar a sociobioeconomia como estratégia de desenvolvimento sustentável e inclusivo, colocando as pessoas e as comunidades no centro das decisões.
Para a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, bioeconomia é capaz de substituir o modelo predatório por um sistema sustentável e regenerativo, que, partindo da própria biodiversidade, é capaz de produzir alimentos, fármacos, cosméticos, fibras, bioinsumos, biomateriais, conhecimento tradicional.
“Fico muito esperançosa de que seremos capazes de criar um novo ciclo de prosperidade, que seja diverso, sustentável e justo para todos”, afirmou a ministra.
A ministra de Assuntos Rurais e Ambientais do Reino Unido, Mary Creagh, afirmou que o Brasil está definindo o ritmo do trabalho em bioeconomia no cenário global.
“Ao posicionar esses setores como polos de crescimento sustentável, poderemos transformar nosso modelo econômico”, disse.
Objetivo é superar lacuna
Com duração prevista de três anos, o Bioeconomy Challenge é uma plataforma multissetorial que reúne governos, empresas, academia, sociedade civil e especialistas. A iniciativa já conta com o interesse de 63 organizações de mais de 20 países, buscando superar lacunas críticas relacionadas a métricas, financiamento e desenvolvimento de mercado que restringem investimentos em conservação.
“Precisamos de mais ambição nos compromissos financeiros e políticos. Acho que essa é um pouco a essência do Bioeconomy Challenge, ser uma bússola”, explicou, completando que essa bússola deve ser um “mapa inclusivo, que envolva todos os setores que ela abrange: de alimentos a biomateriais, de bioenergia a outros”, acredita Carina Pimenta, secretária Nacional de Bioeconomia do MMA e presidente do Comitê Diretor da ação.
A plataforma, criada pelo MMA, conta com um modelo de governança compartilhada. A secretaria executiva é realizada pela NatureFinance, e há um Comitê Diretivo que reúne, de forma paritária, governos, representações de povos indígenas e comunidades tradicionais, setor privado e academia.
“É algo muito mais amplo do que a iniciativa do G20 sobre bioeconomia, que era voltada principalmente aos países. Agora, podemos envolver comunidades, financiadores, centros de pesquisa e empresas. É a nossa oportunidade”, disse Luana Maia, diretora da NatureFinance no Brasil.


