Nos dias 21 e 22 de outubro, Brasília sediará uma série de encontros estratégicos que colocam o futuro da pecuária brasileira no centro dos diálogos. Promovido pelo Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola), o evento reúne representantes do governo, do setor produtivo, da sociedade civil e de instituições financeiras para discutir as oportunidades comerciais no maior mercado consumidor do mundo, a China, e os caminhos para tornar a cadeia da carne e da soja mais transparente, rastreável e ambientalmente responsável.
O primeiro dia será dedicado ao potencial de crescimento das exportações brasileiras de carne bovina para o mercado chinês. Com um consumo per capita em ascensão e exigências cada vez mais rígidas, a China se firma como destino prioritário e desafiador para o setor.
Já o segundo dia marcará a terceira edição dos Diálogos Boi na Linha, iniciativa que pretende aproximar políticas públicas e práticas sustentáveis no campo. O objetivo é alinhar interesses comerciais, ambientais e sociais para garantir que o Brasil aumente a competitividade sem abrir mão da conservação ambiental e da inclusão social, especialmente nos estados da Amazônia Legal.
Recordes cada vez maiores
Em 2024, o Brasil abateu 39,27 milhões de cabeças de gado, segundo dados do IBGE, o que equivale a um crescimento de 15,2% em relação ao ano anterior. No mesmo ano, as exportações também bateram recorde, chegando a 2,89 milhões de toneladas de carne in natura enviadas ao exterior, movimentando US$ 12,87 bilhões, conforme aponta o Beef Report 2025, da Abiec.
Quase metade do valor (US$ 5,6 bilhões) veio apenas da China, consolidando o país asiático como o principal parceiro comercial do Brasil. A importância dessa relação se intensifica em um momento em que o mercado norte-americano e os produtores brasileiros sofrem com as novas tarifas de importação dos EUA, o que acabou dificultando a entrada da carne brasileira no país.
O crescimento da demanda chinesa, no entanto, vem acompanhado de novas exigências. Entre elas a rastreabilidade individual do rebanho e garantias de que a carne seja livre de vínculos com o desmatamento.
Participações
O evento contará com a participação de nomes de destaque da política, do setor produtivo e do cenário internacional. Pelo governo federal, estão confirmados Carlos Goulart, secretário de Defesa Agropecuária do MAPA; Marcel Moreira, secretário adjunto de Relações Internacionais; e André Lima, secretário extraordinário de Controle de Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial, do MMA.
Do setor financeiro, marcam presença Cíntia Céspedes, da Febraban; João Adrien, head de ESG Agro do Itaú BBA; e Paulo Sampaio, do Banco Central. Também participam Ana Doralina, da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável, e João Paulo Franco, da CNA.
Já do lado internacional, o destaque é para a comitiva chinesa que traz nomes como Xing Yanling, presidente da Tianjin Meat Association; Amy Ku, da Cofco International; Xiao Shaoqiong, da China Meat Association; e Bai Yunwen, do Instituto de Finanças e Sustentabilidade da China.