Poderoso motor para gerar renda e combater a pobreza na Amazônia, a bioeconomia tem sido apresentada como uma janela de oportunidade para a região, ganhando cada vez mais espaço e relevância em diversos setores que visam a transição do modelo produtivo atual.
A pesquisa “Bioeconomia e Sociobiodiversidade Amazônica: um potencial eixo de integração dos países da panamazônia” é, nesse sentido, uma importante contribuição ao trazer recomendações e instrumentos que pretendem amparar ações e políticas públicas na região.
Realizada pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) em parceria com o IICA (Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura), o estudo aponta que para que a bioeconomia amazônica e de países da Panamazônia seja eficiente e sustentável é necessário “construir suas bases de forma a garantir o fim do desmatamento, o fortalecimento de práticas e culturas tradicionais locais, diversificar a produção valorizando a biodiversidade, frear o avanço das monoculturas, distribuir os benefícios de forma justa e tomar decisões com comunidades locais”.
“O desenvolvimento de uma bioeconomia justa e sustentável é estratégico aos governos Panamazônicos do ponto de vista de cooperação internacional e dos compromissos assumidos em agendas compartilhadas internacionalmente, como o Acordo de Paris e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030”, lembra o coordenador da Região Sul e Representante do IICA no Brasil.
Para diretora adjunta de pesquisa do IPAM, Patrícia Pinho, é emblemático que o estudo seja lançado em um momento em que o Rio Grande do Sul sofre impactos de uma crise climática sem precedentes no estado: “uma crise que se tornou também humanitária”, segundo ela.
Pinho ressaltou a importância de ver a bioeconomia na região como alternativa sustentável. A diretora lembrou que 10 milhões de pessoas na Amazônia têm sofrido de dois a três eventos climáticos extremos.
“Secas que ocorriam a cada 100 anos estão retornando de três a cinco anos”, relatou.
Para a presidente da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Silvia Massruhá, é preciso destacou o enorme avanço [por meio do estudo] sobre a questão da bioeconomia e sociobiodiversidade na Amazônia.
“Agora devemos nos organizar na integração dos países panamazônicos”, disse ela, acrescentando que o trabalho pode auxiliar as instituições nesta tarefa.
Segundo Patrícia Pinho, a bioeconomia já está se consolidando em diferentes regiões da panamazônia. Para ela, é fundamental que haja uma ação inclusiva, participativa, coordenada e integrada entre os países amazônicos.
“O envolvimento de atores diversos garante não apenas a regulamentação e geração de dados, mas também a criação de um contexto que assegure o desenvolvimento sustentável ambiental, social e economicamente em um cenário de crise climática”, explicou.