A CEO da COP30, Ana Toni, afirmou nesta terça-feira, 11, que houve progressos significativos nas negociações diplomáticas em Belém. Em coletiva de imprensa, ela destacou que o segundo dia da Conferêcia d Clima foi marcado por “sugestões muito sólidas e concretas” no tema da transição energética justa, demonstrando um avanço nas discussões entre as delegações.
“Todos os tópicos são importantes nessa negociação, mas hoje, como eu disse, os dois tópicos que andaram um pouco mais foi o de gênero e o de transição justa. No tópico de gênero, foi pedido para os facilitadores trazerem um novo texto mais limpo. Já há muito corpo no tema de transição justa. O G77 acordou, teve uma posição conjunta no tema do mecanismo para uma transição”, afirmou.
O G77, que representa 134 países em desenvolvimento, apresentou uma proposta clara: a criação de um instrumento oficial da ONU para garantir que a transição energética seja inclusiva. A iniciativa visa fortalecer o diálogo social e integrar justiça climática e equidade, colocando as pessoas — e não apenas o lucro corporativo — no centro das ações.
Ela avaliou que a intensidade dos debates é um sinal positivo. Segundo ela, negociadores têm abordado temas específicos, o que “nos dá muita esperança de termos textos negociados” até o final da conferência.
“Amanhã de manhã tem uma nova reunião. Ainda não sabemos exatamente qual formato está surgindo, mas certamente as negociações estão sendo intensas.”
Ana Toni também ressaltou a importância crescente dos governos subnacionais (estados e municípios) na agenda global. “Foi dito aqui por todos que o tema de governança subnacional é fundamental para uma agenda de implementação,” afirmou.
Governos subnacionais
Ainda sobre a importância de estados e municípios para a ação climática, Ana Toni destacou, durante painel internacional que discutiu a governança multinível, que o envolvimento dos governos subnacionais é “fundamental para conduzir ações concretas” e será essencial para a aplicação efetiva do financiamento climático.
Presente nas discussões, o governador do Pará, Helder Barbalho, concordou com a visão da CEO, afirmando que é impossível alcançar as metas nacionais (NDCs) sem a participação desses atores locais. Ana Toni ainda ressaltou o papel dos líderes locais como os melhores tradutores da política climática para o cotidiano da população.
Oposição saudita trava plano de abandono fóssil
Segundo observadores, a Arábia Saudita, um dos líderes mundiais em produção de petróleo, se posicionou de forma rígida contra a inclusão de qualquer plano prático para o abandono dos combustíveis fósseis.
Durante uma rodada de negociação, representantes do país disseram ser “contra a inclusão de novas metas” no texto final da COP30. Essa postura cria um impasse significativo para o Brasil, que pretende apresentar, ao final da conferência, um plano prático e ambicioso para a transição energética global.
Marcha pela Saúde e Clima
A Marcha pela Saúde e Clima reuniu neste terça milhares pessoas de pessoas em Belém. O ato teve concentração na Embaixada dos Povos e contou com a participação de instituições como a Fiocruz, Médicos pelo Clima, Instituto Ar, SUS e diversas entidades da área da saúde e da sociedade civil.
O objetivo da marcha foi chamar atenção para os impactos das mudanças climáticas na saúde pública e para a necessidade urgente de políticas que protejam tanto as pessoas quanto o planeta.
Invasão da Blue Zone
O encerramento do segundo dia da COP30 foi marcado por um incidente de segurança. Um grupo tentou invadir as áreas restritas de negociação, a Blue Zone.
O grupo foi impedido, resultando em confronto com os seguranças do evento. De acordo com informações iniciais, pelo menos um segurança ficou ferido durante o incidente, que ocorreu logo após o balanço diário da conferência


