O primeiro dia da COP30, em Belém, injetou um ânimo nas negociações. A diretora executiva da conferência, Ana Toni, anunciou que 111 países – um salto significativo em relação aos 79 que haviam submetido seus planos antes do evento – apresentaram suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). O número mostra uma corrida de última hora para cumprir a determinação do Acordo de Paris de atualizar as metas climáticas a cada cinco anos.
Segundo levantamento da plataforma Climate Watch, esse total representa 71% das emissões globais de gases de efeito estufa.
O Brasil, por exemplo, está na lista com seu plano de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em pelo menos 59%, até 2035. Com a avalanche de números sobre a mesa, o foco da COP30 se volta para o desafio real: a implementação.
Apesar do otimismo nas NDCs, o “calcanhar de Aquiles” do Acordo de Paris continua a ser a tecnologia.
“Dou destaque ao tema de adaptação, fundamental para ter acordo sobre adaptação. Alguns dos temas que a gente está trazendo aqui de como é que a gente acelera a implementação da adaptação é fundamental, e como é que usa tecnologia para isso. O tema de indicadores de adaptação, transição justa, balanço geral, tecnologia é um dos grandes temas que já está na mesa, que está sendo debatido. Isso já está andando, já têm os negociadores ali colocados”, disse Ana Toni.
A tecnologia é um pilar vital para que os países mais pobres consigam cumprir suas metas, mas a transferência de conhecimento e capacitação enfrenta resistência de diversas nações desenvolvidas. Com 145 temas prioritários em negociação, o futuro da redução de emissões depende de resolver esse impasse.
O ritmo lento de submissão de NDCs gerou uma “lista de pendências” de 86 países. Mais grave, entre os dez maiores poluidores do mundo, nações como Índia, Irã e Arábia Saudita permanecem em silêncio, sem submeter seus planos de ação à UNFCCC, o braço climático da ONU.


