O quarto dia da COP30 terminou com mais de mil lideranças extrativistas de todos os biomas brasileiros no “Porongaço dos Povos da Floresta”, iluminando as ruas de Belém. O ato, que também celebrou os 40 anos do CNS (Conselho Nacional das Populações Extrativistas), foi uma caminhada pacífica em defesa dos direitos territoriais e da responsabilidade climática global. O evento culminou na entrega da Carta Política das Populações Extrativistas às autoridades da conferência.
E começou, colocando saúde e educação também as discussões sobre adaptação climática. A ênfase foi colocada em como as mudanças do clima impactam diretamente a vida das pessoas, destacando a necessidade urgente de ações que visem reduzir as desigualdades e proteger as populações mais vulneráveis.
Uma mesa-redonda organizada pelo Brasil e pela Unesco sobre educação verde mostrou como escolas e professores estão formando cidadãos para um futuro mais sustentável. O debate incluiu o financiamento como peça-chave para garantir que saúde e educação sejam resilientes ao clima. A mensagem central é que a adaptação climática começa com as pessoas, nas salas de aula, nas clínicas e nas comunidades.
Plano de saúde
O plano lançado nesta quinta-feira, 13, pelo governo brasileiro para adaptar o setor de saúde às mudanças climáticas recebeu o apoio de cerca de 40 países. O financiamento anunciado para a iniciativa chega a aproximadamente US$ 300 milhões, com recursos prometidos por entidades como a Wellcome Trust. Além disso, instituições internacionais de peso, como o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o Banco Mundial, também sinalizaram seu apoio ao plano.
Mais recursos
Esta quinta-feira, 13, a COP30 também foi marcada pela pressão da sociedade civil por mais recursos e um plano de transição energética. Um ato em frente à Zona Azul exigiu urgência no financiamento à adaptação. O principal pedido é para que os países desenvolvidos tripliquem o financiamento, atingindo US$ 120 bilhões anuais até 2030. A boa notícia, segundo o blog Ta Lá na COP30, do Instituto Talanoa, é que a cifra de “tripling finance” (Triplicar o Financiamento) já apareceu como opção no primeiro rascunho dos indicadores do Objetivo Global de Adaptação (GGA), impulsionada por organizações latino-americanas.
Por falar em adaptação…
Ana Toni, CEO da Cúpula das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, defendeu o desenvolvimento de meios inovadores de financiamento climático, principalmente para a adaptação. Ela enfatizou que a COP é focada na implementação, mas que isso não é viável sem recursos. Segundo Toni, é crucial pensar em “instrumentos criativos para ajudar os países em desenvolvimento”, priorizando a adaptação, já que a mitigação possui mais opções de financiamento disponíveis.
“Mapa do Caminho”
Nos bastidores, cresce o apoio a um “Mapa do Caminho” para a transição para longe dos combustíveis fósseis, apesar de poucos posicionamentos públicos de países. O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, minimizou o espaço do roteiro na agenda formal, classificando-o como um consenso interno (do Brasil). Contudo, a ministra Marina Silva reafirmou que há a oportunidade de o plano sair de Belém como um resultado positivo da conferência. De forma geral, as negociações seguem o padrão esperado, com posições mais divergentes na primeira semana e a expectativa de convergência na semana seguinte.
Amazônia unida
A OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica) lançou o Projeto Regional OTCA – Florestas e Mudanças Climáticas, que busca intensificar a cooperação entre os oito países amazônicos (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela) na proteção do bioma e na implementação de políticas integradas de adaptação climática. A ministra brasileira do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou que o lançamento é um passo decisivo para uma visão de conjunto da Amazônia. Entre as ações em andamento, ela citou o combate à criminalidade ambiental transfronteiriça (com uma base da Polícia Federal financiada pelo Fundo Amazônia) e o fortalecimento de infraestruturas verdes e resilientes.
Belém-Paris
As prefeituras de Belém e Paris firmaram uma parceria estratégica para promover urbanismo sustentável, mobilidade e adaptação climática. O acordo visa o intercâmbio de projetos, como o conceito parisiense de cidade para as pessoas (focado em mobilidade ativa e cidades de 15 minutos), que pode ser aplicado em Belém. A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e o prefeito de Belém, Igor Normando, ressaltaram que a cooperação reforça a liderança das cidades nas ações climáticas globais.
ONU pede reforça na segurança
Após o protesto de terça-feira, 11, quando manifestantes tentaram invadir a Zona Azul da COP30 (onde ocorrem as negociações), a ONU enviou uma carta solicitando o reforço da segurança no local. Em resposta, a Casa Civil informou que houve reposicionamento e ampliação de forças. Uma das medidas adotadas é a expansão do espaço intermediário entre as Zonas Azul e Verde, para aumentar a prevenção de novos incidentes.
E o Fóssil do Dia vai para…
O Japão recebeu o “Fóssil do Dia”, nesta quinta-feira, 13. O CAN (Climate Action Network), idealizador do “prêmio, acusa o país de financiar a destruição e bloquear a justiça climática. O Japão é criticado por promover tecnologias como captura de carbono e hidrogênio (que a CAN chama de “cortinas de fumaça” para prolongar o uso de combustíveis fósseis) e por resistir à inclusão de temas como justiça e equidade no âmbito da UNFCCC.


