“Se quisermos que a COP30 nos leve a novo avanço global, precisamos dos próximos oito dias para gerar progressos concretos em todos os aspectos da agenda. O tempo é curto, então vamos trabalhar”. Assim, o secretário-executivo da Conveção do Clima da ONU (UNFCCC), Simon Stiell, abriu na terça-feira, 17, a primeira sessão plenária do SB62, a rodada de negociações climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), em Bonn, na Alemanha.
A fala veio depois de de um impasse que atrasou em mais de 30 horas o início das negociações. Em outra declaração, esta escrita, Simon ressaltou a “profunda importância” do processo, enfatizando que o progresso a ser alcançado nos próximos dias “fará uma diferença real para bilhões de vidas e meios de subsistência, em todos os países”. Para o secretário, as sessões de Bonn são a ponte entre o “conceito e a clareza”.
“Vocês estão estabelecendo os trilhos que levarão à implementação – na economia real – onde cortes profundos de emissões e adaptação transformadora devem ser realizados. De forma rápida e justa.
Otimismo apesar dos desafios
Em sua segunda observação, Stiell apontou que o processo de cooperação entre os países “está gerando progresso real, ano após ano”, mesmo que “imperfeito”. Ele lembrou que, sem isso, o planeta estaria caminhando para um aquecimento global de até 5 graus, e que o patamar atual, próximo a 3 graus, é uma medida tanto do avanço quanto do caminho que ainda precisa ser percorrido para atingir a meta de 1,5 grau.
Apesar dos “ventos contrários”, Stiell expressou otimismo, citando “sinais verdes para ações climáticas de muitas das maiores economias do mundo”, o que, segundo ele, envia “poderosos sinais de demanda para investidores e agentes”.
“A maré virou para a ação climática, e não há como voltar atrás, porque é inteiramente do interesse de cada nação.O secretário reforçou que “a maré virou para a ação climática, e não há como voltar atrás, porque é inteiramente do interesse de cada nação”, escreveu
No entanto, o otimismo veio acompanhado de um alerta sobre a necessidade de recursos adequados para o processo. Stiell destacou que, apesar de economias de custos e ganhos de eficiência no secretariado, a abordagem atual não é sustentável
“Todos vocês estão cientes dos nossos desafios orçamentários. Peço que os abordem plenamente por meio de suas deliberações aqui em Bonn, para garantir que este processo continue gerando resultados concretos que impulsionem o mundo”, cobrou.
O Mundo Observa: Metas para a SB62
Para Stiell, a terceira e última observação é a mais crucial: o mundo está observando atentamente a medida que os impactos climáticos pioram rapidamente em todos os países.
“Devemos mostrar que a cooperação climática pode continuar gerando progresso real e impulsionar a aceleração exigida pela ciência para proteger as pessoas e a prosperidade”, afirmou.
Para que isso aconteça, o secretário-executivo delineou metas claras para as sessões de junho:
- Acordar as etapas finais para a entrega de indicadores no âmbito do Objetivo Global de Adaptação na COP30.
- Desbloquear a entrega no Programa de Trabalho para uma Transição Justa, transformando o conceito em uma realidade vivida em todas as economias.
- Aprofundar-se no Roteiro para os 1,3 trilhões, para que se torne um guia prático com passos claros para aumentar drasticamente o financiamento e o investimento climático.
- Garantir que o Programa de Trabalho para Mitigação crie impulso para soluções acionáveis.
- Avançar na definição da “Era de Implementação”, cumprindo os compromissos coletivos, inclusive no primeiro Balanço Global.
Stiell reconheceu que nenhuma dessas questões é fácil e que a discordância é natural, mas enfatizou que o processo deve ser “seguro e respeitoso para todos”, com a “adesão integral ao Código de Conduta” sendo inegociável.
Concluindo sua declaração, o secretário conclamou os participantes a trabalhar, guiados pelas prioridades da nova Presidência: reforçar a cooperação, conectar o trabalho a bilhões de vidas reais e acelerar a implementação.