O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, divulgou nesta quinta-feira, 8, a segunda carta da conferência. No documento, o embaixador detalha o chamado Mutirão Global anunciado na primeira carta e que busca promover uma mobilização sem precedentes pela mudança do clima, incentivando mais ação e ambição climáticas.
A ideia é chamar atenção para experiências de comunidades indígenas, comunidades periféricas urbanas afrodescendentes ou de outros grupos que usam seu tempo e recursos para enfrentar de forma sustentável os desafios climáticos, com intervenções de impacto local e global.
“O mutirão é muito mais que um esforço conjunto ou uma força-tarefa. Essa forma de mobilização — de baixo para cima, sem hierarquia — surge, espontânea e organicamente, quando há uma necessidade urgente ainda não atendida”, explica Corrêa do Lago, que traça um paralelo entre essas medidas e os compromissos dos governos. “De forma análoga às ‘contribuições nacionalmente determinadas’ (NDCs) do Acordo de Paris, as ‘contribuições autodeterminadas’ funcionarão como ações de baixo para cima”.
O documento exemplifica alguns tipos de ações que poderão ser cadastradas e divulgadas no Mutirão Global, como a adoção de práticas regenerativas por agricultores, projetos liderados por jovens que instalem painéis solares em comunidades carentes; cidades costeiras que organizem brigadas de restauração de manguezais; empresas de tecnologia que formem coalizões para descarbonizar data centers; comunidades afrodescendentes que criem programas de conscientização climática para cidade, entre outras.
Para isso, a presidência da COP30 está organizando uma plataforma que vai receber as informações da sociedade civil que contribuem para o alcance das metas climáticas. O lançamento ocorrerá na Semana do Clima da UNFCCC (sigla em inglês para Secretariado da ONU sobre Mudança do Clima), que será realizada na Cidade do Panamá, de 19 a 23 de maio.
Dessa forma, o objetivo é mostrar que a agenda climática está sendo incorporada na lógica das cidades e dos diferentes grupos sociais e que pode inspirar os governos a assumirem compromissos mais ambiciosos com o combate às mudanças climáticas.
“É mostrar que a transição já está acontecendo e sendo liderada pela sociedade tanto para mitigação quanto para adaptação”, ressalta Ana Toni, CEO da COP30.
A carta destaca ainda a organização de quatro Círculos de Liderança, lançados em abril: o Círculo dos Presidentes da COP, o Círculo dos Povos, o Círculo dos Ministros das Finanças e o Balanço Ético Global. Esses círculos devem atuar de forma independente e paralela às negociações da cúpula e apresentar trabalhos que vão auxiliar a Presidência da COP30 na condução dos trabalhos.