O primeiro dia da COP30 em Belém trouxe uma boa notícia para o patrimônio histórico paraense: o tradicional Museu Goeldi arrecadou R$ 4.816.786,23 para restaurar a casa do seu fundador, o cientista suíço Emílio Goeldi.
O projeto de reforma, que envolve a casa de arquitetura antiga que abrigou diretores no século XIX, foi lançado oficialmente nesta segunda-feira, 10. Ele é resultado de uma parceria entre o Museu Goeldi (MCTI), a Embaixada da Suíça, o Estado do Pará e o Instituto Peabiru. A arrecadação aconteceu em um evento no Chalé João Batista de Sá, transformado, simbolicamente, na Planetary Embassy, o espaço suíço na cúpula.
Nilson Gabas Júnior, diretor do Museu Goeldi, comemorou o momento como um “reposicionamento histórico” e destacou que a reforma vai muito além da construção.
“A restauração desta casa busca atender diretamente as comunidades tradicionais. Estamos em uma COP que quer se conectar com os povos da Amazônia. Este será um espaço de cultura, ciência e desenvolvimento para aprender, ensinar e, principalmente, dialogar, pois o mundo precisa disso”, explicou Gabas, que elogiou a liderança indígena baseada na “generosidade”.
O embaixador da Suíça no Brasil, Hanspeter Mock, pediu mais apoio do setor privado para finalizar a obra. O projeto já tem apoio de empresas suíças e brasileiras, mas precisa de mais doações para atingir a meta total. O embaixador espera que a Casa Goeldi se torne um “legado concreto e duradouro” da participação na COP30.
João Meirelles, diretor do Instituto Peabiru, informou que o valor arrecadado deve cobrir cerca de 50% do total necessário para a obra, avaliado e aproximadamente R$ 8 milhões. Com a ajuda de instituições como BID, Banco UBS e o Estado do Pará, o plano é ter todo o projeto de obra e o orçamento prontos até dezembro. A reforma deve começar em 2026, a tempo do aniversário de 160 anos do Museu.
O projeto de restauração da Casa Goeldi foi concebido pelo escritório suíço Herzog & de Meuron, com o apoio do Instituto Pedra.
Segundo o diretor Luiz Fernando Almeida, o trabalho tem duas partes: a técnica (a reforma em si) e a simbólica, que seria a mais importante.
“A recuperação do patrimônio é dar sentido histórico para os nossos usos no presente, projetando também o que vai ser nosso futuro”, disse ele.


