Pecuaristas que recuperam pastagens e adotam sistemas de menor impacto ambiental, como a integração lavoura-pecuária (ILP), poderão comprovar suas boas práticas por meio da certificação Carne Baixo Carbono (CBC). Lançado na COP30, em Belém (PA), o selo vai agregar valor à produção e atender mercados mais exigentes.
A ferramenta é baseada no Protocolo Carne Baixo Carbono, desenvolvido pela Embrapa com apoio da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira. Na prática, ela vai garantir ao consumidor que a carne foi produzida respeitando a rigorosos critérios ambientais.
“Com o selo, damos um passo decisivo na consolidação de uma cadeia de carne bovina de baixo carbono, transparente, auditável e capaz de gerar valor, tanto para o produtor quanto para o consumidor. Trata-se de um avanço que reforça a liderança do Brasil na agenda da agricultura sustentável”, afirma a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá.
Tendência de mercado
Diante da pressão de compradores nacionais e internacionais por critérios de rastreabilidade, desmatamento zero e redução de emissões, a CBC passa a funcionar como um diferencial competitivo. Não à toa, a MBRF, uma das maiores empresas de alimentos do mundo aderiu à proposta neste domingo (16).
“A Carne Baixo Carbono é um reconhecimento que valida nossos esforços e destaca a importância da integração entre ciência e campo para reduzir emissões, impulsionar a sustentabilidade e mostrar que o agro é — e deve ser — parte da solução climática global”, explica o diretor de Sustentabilidade da MBRF, Paulo Pianez.
Com marcas fortes como Sadia, Perdigão, Sadia Bassi, Perdigão Montana, Perdigão na Brasa, Qualy, Banvit, Paty, a companhia produz cerca de 8 milhões de toneladas de alimentos por ano, atendendo mais de 425 mil clientes e milhões de consumidores em todo o mundo.
Como funciona
O protocolo prevê tanto a certificação da propriedade quanto do frigorífico, utilizando para isso ferramentas próprias de avaliação. Tudo é baseado em critérios monitoráveis, registráveis e verificáveis (MRV), o que garante um processo totalmente alinhado a padrões internacionais de sustentabilidade.
Além disso, a Embrapa capacita certificadoras independentes, que são responsáveis por avaliar se o sistema produtivo cumpre todos os critérios técnicos. Quando a propriedade e a planta industrial são aprovadas, os animais e a carne passam a utilizar a marca registrada “Carne Baixo Carbono”, licenciada pela própria entidade.
“Essa certificação é resultado direto da ciência aplicada ao campo e da união entre o setor público e o setor privado, em torno de um mesmo propósito: produzir mais, com menor impacto ambiental.”, avalia Massruhá.
Benefícios aos produtores
Os benefícios aos produtores vão além do reconhecimento ambiental e incluem pastos mais produtivos, valorização da carne, acesso a mercados mais exigentes e aumento da resiliência da fazenda — com solos mais férteis e menos vulneráveis às mudanças climáticas.
“É um pacote técnico muito completo e ganha ainda mais relevância com esta certificação, podendo posicionar o Brasil como liderança global em agricultura sustentável”, afirma Natália Grossi, analista de cadeias agropecuárias da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.
A expectativa dos parceiros é que, com o avanço da adoção do protocolo e a crescente adesão de produtores, o Selo Carne Baixo Carbono se consolide como um marco na transição para uma pecuária de baixo impacto climático, contribuindo diretamente para as metas de descarbonização do Brasil no contexto do Acordo de Paris.
Fonte: André Garcia/Gigante 163


