Por Fabrício Queiroz
A menos de cinco meses para a abertura da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), a baixa oferta de leitos e os preços abusivos oferecidos em plataformas de aluguel por temporada em Belém ainda estão entre as principais preocupações do comitê organizador do evento. Nesta quinta-feira, 19, em Bonn, na Alemanha, a Presidência da COP30 e o governo brasileiro apresentaram os planos de infraestrutura logística do evento e apontaram medidas que devem reduzir os preços cobrados para cerca de U$ 100 a diária.
Em coletiva à imprensa, o secretário extraordinário para a COP30, Valter Correia, disse que a redução dos preços ocorrerá como resultado das diversas estratégias adotadas pelo governo para ampliar a oferta de quartos em Belém. Entre as medidas implementadas estão a criação da Vila de Líderes, onde serão ofertados leitos de alto padrão para delegações e negociadores, a contratação de cabines em navios de cruzeiro, além da inauguração de novos hotéis na cidade.
“Esse é um desafio que nós temos. Já estamos com várias ofertas desse porte. Em alguns casos, os próprios espaços governamentais que a gente tem trabalhado. Por exemplo, a Vila Líderes, que são 405 quartos de excelente qualidade. Essa está sob a nossa gestão, então nós conseguimos fazer os valores chegarem a esse preço [U$ 100], obviamente que não vai haver lucro porque é do governo. A mesma coisa, estamos negociando várias cabines nos navios que também estão sob o nosso controle. A gente tem preços de U$ 250 dólares em várias cabines para que está sendo também negociado de uma forma muito forte com a operadora e com as armadoras desses navios transatlânticos”, afirmou Valter Correia.
De acordo com a Secop, os valores cobrados também devem se normalizar com os efeitos do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o governo e o setor imobiliário. A expectativa é que com essa medida os preços praticados durante a conferência sigam o mesmo patamar do Círio de Nazaré, que é considerado o período de alta temporada em Belém, com maior volume de turistas e maior lotação da rede hoteleira.
Caso os valores continuem elevados, a Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça (SENACON) pode agir com medidas legais como a autuação, cobrança de multas, fisco do direito de comercialização e até o fechamento de estabelecimentos. No entanto, Valter Correia ressaltou que confia na parceria com as empresas locais.
“É uma forma que nós estamos achando para poder voltar para a mesa de negociação e acho que podemos muito avançar em relação a isso. Confio muito nessa possibilidade e acho que através de um Termo de Ajuste de Conduta conseguimos achar uma fórmula, uma solução para que nem eles sejam penalizados, porque nós queremos que a rede hoteleira seja nossa parceira. Não queremos que tenha nenhum tipo de animosidade”, frisou o secretário.
Segundo o comitê organizador, Belém terá disponibilidade de 29 mil quartos e 55 mil leitos durante a COP30. A maior parte são de aluguéis de curto prazo, que somam 16,5 mil quartos e 25 mil leitos. Os navios de cruzeiro ofertaram 3.882 cabines e cerca de 6 mil leitos. A previsão é que a Plataforma Oficial de Acomodação seja lançada até o final deste mês.
Infraestrutura do evento
A apresentação da infraestrutura planejada para a COP30 foi conduzida por Valter Correia pelo embaixador André Corrêa do Lago e Ana Toni, presidente e CEO da conferência, respectivamente. Representantes de países, grupos da sociedade civil, movimentos de mulheres, indígenas e organizações não governamentais acompanharam o detalhamento dos projetos sobre transporte, acomodação, alimentação, saúde e outros aspectos.
A organização garante que o Brasil garantirá alimentação saudável, inclusiva e culturalmente diversa, com cardápios adequados a diferentes dietas e tradições alimentares. A alimentação será fornecida prioritariamente por empresas locais, sendo que 30% dos ingredientes são provenientes da agricultura familiar e da agroecologia, o que ajuda a reduzir as emissões de carbono e fortalece práticas sustentáveis.
Até a conferência também deve aumentar a malha aérea ligando Belém a destinos internacionais. Até o momento já há voos diretos desde Lisboa (Portugal), Fort Lauderdale (EUA), Miami (EUA), Caiena (Guiana Francesa) e Paramaribo (Suriname), mas novas rotas devem ser incluídas.
Em relação à segurança, foi divulgada a operação de segurança integrada, contemplando os sistemas aéreo, marítimo e cibernético, tanto da Zona Azul e da Zona Verde quanto de toda a Região Metropolitana de Belém, incluindo hotéis, condomínios e áreas turísticas.
O governo também afirma que todos os participantes da COP30 terão acesso gratuito ao Sistema Único de Saúde (SUS) para atendimento de casos de urgência e emergência. Além disso, o Ministério da Saúde implantará na cidade um Centro Integrado de Operações de Controle em Saúde (CIOCS) especialmente para o evento. A recomendação é que os participantes viajem para Belém imunizados contra a febre amarela e o sarampo.
