Representantes de comunidades tradicionais, populações negras e quilombolas e agricultores familiares vão ter um espaço de diálogo e de cobrança direto com a presidência da COP30. A articulação desses grupos com os responsáveis pelas negociações na cúpula do clima será por meio da Comissão Internacional de Povos e Comunidades Tradicionais, Afrodescendentes e Agricultores Familiares no âmbito da COP30, lançada nesta quinta-feira, 29, em Brasília (DF).
A iniciativa faz parte do Círculo de Povos que visa aumentar a representação de comunidades tradicionais e afrodescendentes junto à Presidência da Conferência. O grupo será composto por 16 representantes de países-membros, ainda a serem definidos, como organizações de comunidades quilombolas, afrodescendentes e tradicionais do Brasil e do exterior. A coordenação será da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, com apoio técnico do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e do Ministério das Relações Exteriores.
“A COP30 é um trabalho sério, é de escuta. Essa comissão é para dar voz e dar trabalho, pois precisamos ouvir os quilombolas, os povos e comunidades tradicionais. É impossível pensar qualquer comissão sem termos as pessoas que merecem estar à frente e serem ouvidas nos centros de debate”, disse a ministra Anielle Franco.
As missões da Comissão envolvem apoiar a presidência do Círculo dos Povos nos temas relacionados às comunidades tradicionais e afrodescendentes; fomentar debates sobre temas como transição justa, financiamento, defensores ambientais, gênero, perdas e danos; e organizar eventos paralelos durante a COP30 para amplificar as vozes desses grupos.
“Vocês contam com simpatia, entusiasmo e emoção. Podem cobrar desse presidente, pois esse assunto (povos indígenas, povos e comunidades tradicionais, afrodescendentes e agricultura familiar) merece a maior atenção”, ressaltou o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago.
A primeira reunião do grupo ocorre em junho durante a 62ª Sessão dos Órgãos Subsidiários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, sigla em inglês), em Bonn, na Alemanha. Além dessa comissão, também faz parte do Círculo dos Povos a Comissão Internacional de Povos Indígenas, formalizada durante o Acampamento Terra Livre (ATL), realizado no mês passado.