A dez dias da COP30, que acontece de 10 a 21 de novembro, em Belém, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um diagnóstico severo sobre a crise climática: as emissões globais de gases do efeito estufa continuam crescendo, enquanto o dinheiro disponível para conter a crise climática ainda é insuficiente e distribuído de forma desigual.
O alerta máximo está no primeiro Relatório Síntese dos Relatórios de Transparência Bienais (BTRs), da UNFCCC, que serve como um “termômetro” da implementação do Acordo de Paris.
O documento mostra que a inação tem um custo crescente: as emissões de um grupo de 81 países aumentaram 15,6% entre 2005 e 2021.
No total, passaram de 31,6 para 36,6 gigatoneladas de CO₂ equivalente, número que não inclui as emissões do setor de uso da terra e florestas.
“O Acordo de Paris está funcionando, mas o ritmo da mudança ainda não corresponde à urgência deste momento”, afirmou Simon Stiell, secretário-executivo da Convenção.
O aumento das emissões, segundo o relatório, não é um desvio pontual. Ele reflete tanto a retomada econômica pós-pandemia quanto a força de setores altamente poluentes, como energia e transportes, que continuam crescendo apesar das políticas de mitigação em curso.
Embora o relatório liste mais de cinco mil políticas e medidas climáticas implementadas – como a ampliação de energias renováveis e eletrificação do transporte -, a velocidade e a escala dessas ações são consideradas muito aquém do necessário.
Com o planeta fora da trajetória de 1,5 °C de aquecimento, como pede o Acordo de Paris, a ONU pressiona a COP30 a “enviar um sinal claro” e “ampliar e acelerar” a transição energética, especialmente porque os países em desenvolvimento necessitam de US$ 3,4 trilhões para adaptação, mas receberam menos de 2% desse valor nos últimos anos.
Outros pontos de preocupação no financiamento:
- Meta Distante: O financiamento médio anual de países desenvolvidos (cerca de US$ 63 bilhões entre 2021 e 2022) segue distante da meta prometida de US$ 100 bilhões por ano.
- Foco na Mitigação: A maior parte dos recursos está concentrada em ações de mitigação (redução de emissões), enquanto a adaptação — essencial para países pobres e para reduzir danos — recebe menos da metade dos valores necessários.
- Falta de Transparência: Muitos governos relataram dificuldade em contabilizar e rastrear o dinheiro recebido. O próprio relatório reconhece a falta de uma definição comum para “financiamento climático”, o que gera divergências entre os números informados por doadores e receptores.


