A agropecuária pode dar grandes contribuições para o combate às mudanças climáticas, principalmente a partir de tecnologias de produção com baixa emissão de carbono. Essas estratégias terão destaque nas ações que a Embrapa prepara para a COP30, que ocorre em novembro em Belém. Durante o evento, a ideia é mostrar resultados concretos de medidas que ajudam na adaptação e mitigação das mudanças do clima.
“Vamos levar uma vitrine tecnológica, com sistemas agroflorestais, integração lavoura-pecuária-floresta, cultivares mais resistentes a estresse hídrico e doenças, além de apresentar nosso portfólio de bioprodutos”, adiantou Silvia Massruhá, presidente da Embrapa em entrevista ao Agrishow.
A exposição será na “Casa da Agropecuária Brasileira”, na sede da Embrapa Amazônia Oriental, localizada na avenida Perimetral, em Belém, a cerca de 1,5 km da área onde ficam as zonas verde e azul da cúpula do clima. O local será preparado para receber visitas de comitivas internacionais e pretende reafirmar a liderança brasileira em práticas agrícolas sustentáveis.
Produção com conservação
O desenvolvimento de tecnologias que combinam produção com conservação não é novidade para a Embrapa que atua na área desde a criação da Política Nacional de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) há mais de 15 anos. Na COP30, um dos focos será dado, por exemplo, ao trabalho de certificação de produtos agrícolas de baixo carbono, como a soja, o milho, o trigo e o café. Os dados coletados ao longo das últimas duas décadas comprovam a sustentabilidade econômica, ambiental e social dessas soluções.
“Participamos desde a elaboração dessa política pública, trazendo tecnologias que promovem a descarbonização na agricultura, como o plantio direto, os sistemas integrados e os bioinsumos”, ressaltou Silvia Massruhá.
Outro destaque é mostrar como a inovação vem sendo incorporada ao dia a dia do campo a partir de ferramentas como o Zoneamento Agrícola de Risco Climático, que orienta a produção agrícola no Brasil com base em 100 anos de dados climáticos, oferecendo janelas de plantio adequadas para mais de 44 culturas. Além disso, a Embrapa investe também em projetos voltados para aproveitar o potencial da ciência de dados, da inteligência artificial e da agricultura de precisão.
“Estamos criando níveis de manejo que vão desde produtores que ainda revolvem muito o solo até aqueles que já trabalham com cobertura vegetal e rotação de culturas. Isso incentiva a melhoria contínua em direção a uma agricultura mais sustentável”, pontua.
Para preparar o caminho até a COP30, a Embrapa lançou a “Jornada pelo Clima”, um movimento para chamar atenção da importância de tecnologias sustentáveis adequadas à realidade de cada bioma brasileiro. Eventos do tipo serão realizados em todas as regiões e culminarão na apresentação de desafios e oportunidades do setor durante a conferência, em Belém.