Uma das grandes novidades que a COP30 deve introduzir na agenda climática é a realização do Balanço Ético Global (BEG). A iniciativa recém-lançada compreende a realização de seis encontros regionais nos diferentes continentes para que líderes políticos, científicos, sociais, culturais e empresariais discutam a crise climática e os seus desafios. O primeiro encontro ocorreu nesta terça-feira, 24, em Londres, e já sinalizou que a sociedade espera compromissos e ações mais ambiciosas para combater as mudanças climáticas.
Em coletiva à imprensa, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva; o presidente da COP30, André Corrêa do Lago; e a co-organizadora do BEG para a Europa, Mary Robinson, analisaram os debates e as contribuições trazidas pelos participantes do diálogo no continente,
“Nós sabemos que há uma redução do espaço da sociedade civil, existe uma frustração e uma real necessidade de escuta do povo. Nesta manhã, nós ouvimos o Balanço Ético Global Europeu, que foi o primeiro. Ele aqueceu meu coração. Eu ouvi muito sobre a necessidade de reconstruir a comunidade, que é a base das nossas relações”, disse Mary Robinson, que destacou a importância perspectiva do mutirão proposto pela Presidência da COP30 para engajar a sociedade no debate climático.
A ex-Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos apontou que as principais pautas foram decisões das últimas COPs, como a meta de aquecimento do planeta em 1,5ºC, transição para o fim dos combustíveis fósseis e triplicação dos investimentos em energia renovável.
Já Marina Silva destacou que o encontro foi marcado por críticas construtivas aos processos de discussão e decisão das COPs, assim como por debates que confrontam os acordos definidos entre as nações e as suas práticas concretas. Para ela, esse tipo de diálogo é decisivo para permitir o surgimento de respostas contra a crise.
“[O BEG] tem essa possibilidade de fazer perguntas e colocar questões inconvenientes para criar o constrangimento ético para empresas, governos, diferentes segmentos da sociedade e até cada um de nós como indivíduos, se o que nós estamos fazendo está coerente com as decisões que já tomamos e se está coerente com a mudança do clima de forma justa”, ressaltou a ministra.

A expectativa da organização da COP30 é que o Balanço Ético Global possa constituir parte do processo das conferências. Os seis diálogos servirão de base para um relatório que deve reafirmar a meta de avançar na implementação dos acordos firmados. O documento será entregue aos negociadores e chefes de Estado no encontro de líderes que ocorre antes da cúpula de Belém.
“O termo de referência já está sendo dado pela sociedade. Não tem ninguém que imagine que essa COP não possa ser um novo marco após 10 anos do Acordo de Paris. Para ser um novo marco histórico, é preciso criar uma espécie de mapa do caminho para implementar as decisões que já tomamos. Isso tem a ver com financiamento, com perdas e danos e, ao mesmo tempo, alinhar todas as nossas ações de adaptação e mitigação a não ultrapassar 1,5ºC de temperatura da Terra”, reforçou Marina Silva.
Os próximos encontros regionais serão realizados em agosto na Ásia, na América Latina e na Oceania.