Por Fabrício Queiroz
A “COP da Floresta” chegou. Um grande evento para o mundo todo se encontrar em Belém, em plena região amazônica. É selado que muita gente vai vir pra ter contato com a mata, com a biodiversidade, com os rios e com a cultura das populações tradicionais, mas nem te conto que a Amazônia que tu vai encontrar por aqui pode te surpreender ainda mais. Espia só!
Belém é uma metrópole amazônica. E isso já diz muita coisa. Por aqui, o concreto, a tecnologia, a modernidade e o estilo de vida urbana se misturam com as tradições dos povos da floresta, com as comunidades ribeirinhas, com os sabores das frutas que só têm aqui, com a explosão de cheiros que vai do pitiú do peixe ao aroma envolvente do patchouli, com os sons que fazem a galera tremer, e tudo isso envolvido por muito calor humano e do próprio ambiente.
Cada passo dado na cidade é uma oportunidade de conhecer e viver novas experiências na Amazônia. Inclusive, é bom andar com atenção pelas bandas de Nazaré e Batista Campos, que são alguns dos bairros com mais mangueiras. As árvores ajudaram a dar fama à cidade, embelezam as ruas e criam zonas com mais sombra.

Em novembro, começa a safra das mangas, então não estranha se vir muitas frutas e caroços pelas calçadas. Se tiver sorte, vai encontrar uma em boas condições pra comer na caminhada. Outros vão se queixar, já que não é incomum uma manga amassar a lataria ou quebrar o para-brisa de um carro ou mesmo cair na cabeça de qualquer desavisado.
É bom manter os ouvidos atentos para apreciar o linguajar que só os paraenses têm. Combinou alguma coisa, então “selou”, curtiu algo, então “foi firme”, se ouviu algo que duvida, então é “potoca”, vai embora de algum lugar, então vai “pegar o beco”. A diversidade é muito grande e cheia de nuances. Com o tempo vai entender as diferenças e as intenções por trás de um “É égua”, um “Égua, não” ou um “É-GU-A!”. Da mesma forma, vai entender que “mana” pode ser uma palavra sem gênero e que “endoidar” pode ser a melhor forma de curtir o momento.

É essa linguagem única que, combinada com a criatividade e a originalidade musical, cria outro grande atrativo: a musicalidade. Ela tá por todas as partes, dos batuques no curimbó às batidas frenéticas das aparelhagens, Belém vibra no dia a dia com muitos sons, que refletem a diversidade social e cultural que vai da natureza às periferias. E, no meio disso, ainda tem o popopô dos barcos, o canto da revoada dos periquitos e o som do toró se formando.
Aliás, a chuva quando cair será bem-vinda, já que em novembro a cidade ainda está na estação seca. O calor é escaldante e uma coisa é certa: tu vai ficar breado por aqui. Pra amenizar isso só um banho de rio na ilha do Combu. A travessia do rio Guamá e o contato com a floresta bem perto do centro da cidade por si só já são uma atração. Pra completar, um almoço comendo os melhores peixes acompanhado daquela tigela de açaí vão te fazer falar que foi “só o creme!”.
Além de decisões importantes para o futuro do planeta, Belém vai proporcionar uma paisagem de cores, sons, sabores e muitas vivências que têm tudo para marcar a memória de muita gente. Ventimbora!


