Em um contraponto à agenda oficial, a Cúpula dos Povos abriu suas portas nesta quarta-feira (12), em Belém, reunindo movimentos sociais, redes e organizações populares globais. Até 16 de novembro, o encontro, na Universidade Federal do Pará (UFPA), será um epicentro de discussões sobre o futuro social e ambiental do planeta – em paralelo à COP30.
O dia começou com a Barqueata da Cúpula, em que embarcações navegaram pelo Rio Guamá até a Baía do Guajará, carregando ribeirinhos, pescadores, indígenas, quilombolas, agricultores familiares, jovens e mulheres.
“As águas da Amazônia estão trazendo as vozes que o mundo precisa ouvir: as de quem defende a vida, os territórios e o clima”, afirmou Líder Gongora, da Comissão Política da Cúpula dos Povos, à Agência Brasil.
O objetivo central é confrontar as denúncias e contradições das decisões globais que, segundo o movimento, não dialogam com as realidades dos territórios.
Do carbono ao bem-viver: a agenda ampliada
Com atividades das 8h às 22h, a Cúpula dos Povos propõe uma pauta que vai além das negociações de carbono, focando no social como pilar do ambiental.
Ao longo da programação, estão previstos debates sobre soberania alimentar, transição energética, enfrentamento ao extrativismo fóssil, governança participativa, racismo ambiental, direito à cidade, e mitigação e adaptação das cidades com interseccionalidade de gênero, raça, classe e território.
“Clima não é só carbono, sem o social não tem o ambiental”, explicou Caetano Scannavino, do Projeto Saúde & Alegria, à Folha.
Para ele, a Cúpula é crucial para debater saúde, desigualdade, um mundo sem petróleo e um novo modo de produzir alimentos.
O encontro está sendo celebrado como a “COP que já deu certo”, devido à grande participação da sociedade civil e de povos tradicionais.
Marcio Astrini, do Observatório do Clima, enfatizou, à Folha, que, embora as negociações oficiais durem apenas duas semanas, “aqui fora temos uma COP colorida, com muita diversidade. Isso vai ser um legado para o movimento climático ambiental no Brasil”.
A programação cultural da Cúpula dos Povos também é extensa, com a Feira dos Povos, a Casa das Sabedorias Ancestrais e diversas apresentações de artistas e grupos populares da Amazônia e do Brasil.


