Por Tereza Coelho
Quem chegou ao Parque da Cidade, em Belém, nesta quinta-feira (6), encontrou dezenas de trabalhadores circulando para finalizar estandes e áreas dedicadas à alimentação na Green Zone e na Blue Zone. O local, que sedia a Cúpula do Clima até esta sexta-feira (7), também será palco das principais discussões da COP30, que acontece de 10 a 21 de novembro.

Além das estruturas em finalização, outro ponto observado, por quem precisou dos serviços no local, foi o preço elevado da alimentação (um refrigerante em lata custa R$ 25 e um misto-quente R$ 30), assim como a falta de alguns itens de higiene, como sabonete para lavar as mãos nos banheiros disponíveis ao público.
Embora polêmico, o preço dos itens tenha sido definido seguindo regras da licitação Nº 12060/2025, que fez a convocatória para a seleção dos estabelecimentos. Segundo o documento, entre os critérios para seleção estavam o preço e o detalhamento de origem dos insumos utilizados na produção dos alimentos.
Alta procura e atrasos eventuais
Em conversa com a reportagem do Pará Terra Boa, alguns trabalhadores do local relatam que os estandes da Blue Zone ainda não estão prontos por causa do atraso na chegada de materiais e do prazo de liberação para entrada de alguns equipamentos especiais.
“A procura não cresceu só em hotéis, mas na busca de matéria-prima para construir algumas estruturas. A outra coisa é que alguns países querem trazer algumas máquinas diferentes e precisa de todo um processo de liberação com o governo para chegar aqui”, contou um deles.
O trabalhador, que não quis se identificar, disse ainda que a equipe está empenhada em entregar tudo o mais rápido possível, chegando a estender os turnos de trabalho.
“A gente vai virar a noite para finalizar tudo, porque a meta é entregar até o sábado (dia 8). Pra terminar tudo mais rápido, também chamaram o pessoal que fez as áreas que já estão sendo usadas”, explicou.
Alinhamento local e internacional
No setor de alimentação, parte dos estabelecimentos precisou fazer adaptações de última hora para atender aos critérios de gestão de resíduos da Conferência, dando preferência para materiais biodegradáveis e de baixo impacto ambiental.
Ana Maria Batista, responsável por um dos estabelecimentos que estará em funcionamento na Blue Zone, disse que as adaptações afetaram principalmente os estabelecimentos que trabalham com produtos regionais como maniçoba e tucupi.
“Proibiram o uso de garrafas PET, isopor e embalagens plásticas sem detalhes de composição, e isso foi anunciado após o fim do edital. Aí deu um nó na cabeça do povo, porque o tucupi é vendido em garrafa PET desde sempre, fazendo reaproveitamento”, disse Ana Maria.

Ela conta que a medida gerou revolta em parte dos selecionados, que encarou a proibição como uma nova restrição aos insumos amazônicos. No entanto, houve consenso com a OEI após uma reunião solicitada pelos aprovados no edital.
“Chegamos a publicar uma nota de repúdio, mas eles (OEI) se colocaram à disposição para conversar e encontrar um consenso. Aí nos deram um prazo para ir em busca dessas embalagens. Por isso, vamos começar a trabalhar lá a partir do dia 10 (segunda-feira – início oficial da COP30)”, ressaltou Ana Maria.
Fábio Sicília, responsável por estabelecimentos que estarão na Green e Blue Zone, compartilhou detalhes de como está sendo a fase final de ajustes, cercada de expectativas em receber o público internacional.
“Alguns estandes já estão prontos, outros estão nos últimos ajustes. Mas estamos aproveitando esse prazo extra para levar, de forma muito cuidadosa, nosso maquinário e testar a estrutura para garantir pleno funcionamento no início da COP30, já que também somos um cartão de visita da nossa cultura”, disse.


