Em um dia marcado por compromissos concretos, a Cúpula do Clima de Belém viu, nesta quinta-feira (6), 49 países e três organizações internacionais firmarem um pacto global de combate a incêndios florestais. O “Chamado à Ação sobre Manejo Integrado do Fogo e Resiliência a Incêndios Florestais”, proposto pelo Brasil, reconhece os incêndios como um dos efeitos mais devastadores da crise climática e propõe uma transição da resposta emergencial para a prevenção sustentável, integrando o conhecimento indígena e comunitário.
O pacto estabelece diretrizes que buscam unir ciência, políticas públicas, saberes tradicionais e tecnologias modernas. Entre as principais recomendações, o texto propõe:
- Valorização do conhecimento indígena e comunitário no manejo do fogo.
- Combate ao crime ambiental e aos incêndios ilegais.
- Fortalecimento da cooperação científica e técnica entre as nações.
- Integração da resiliência ao fogo em marcos de investimento climático, citando o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) – lançado pelo governo brasileiro – como referência para financiar ações preventivas e restaurativas.
A implementação técnica do pacto será coordenada pelo Global Fire Management Hub, hospedado pela FAO.
Brasil e França unem forças pela natureza
As ações em Belém refletem o esforço do Brasil em se posicionar como articulador global de soluções. O TFFF – já apoiado por 53 países e mais de US$ 5,5 bilhões em aportes iniciais de nações como Noruega, França e Indonésia – e o novo pacto têm o propósito comum de reconhecer as florestas tropicais como parte da solução climática e remunerar quem as mantém em pé.
Durante o painel temático “Clima e Natureza”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente francês Emmanuel Macron reforçaram a visão de convergência entre o Sul Global e a Europa:
“Em 2024, só de florestas tropicais, o Brasil perdeu uma área equivalente ao Panamá”, alertou Lula, conclamando o equilíbrio entre crescimento e sustentabilidade: “É hora de encontrar equilíbrio entre crescimento e sustentabilidade, assim como foi feito com o Protocolo de Montreal.”
Lula destacou os avanços brasileiros, como a redução do desmatamento em mais de 50%, o compromisso de recuperar 40 milhões de hectares de pastagens degradadas e a promessa de ampliar as áreas marinhas protegidas de 26% para 30%.
Macron, por sua vez, reforçou a importância da ciência e da diplomacia climática:
“A França sempre se engajou na luta pelas florestas e pelos oceanos, pela preservação dos biomas. Devemos apoiar a ciência livre e independente”.


