A menos de seis meses para a abertura da COP30 em Belém, a baixa oferta de leitos para os negociadores e participantes em Belém ainda preocupa lideranças de outros países. Em correspondências trocadas com o Itamaraty, diplomatas e representantes da China, Alemanha, Reino Unido, Dinamarca e Noruega expressaram preocupação com a infraestrutura da cidade e capacidade de receber as comitivas oficiais e da sociedade civil.
As informações foram obtidas pelo Estadão e mostram que alguns citam inclusive o risco de não participar da conferência por causa dos altos preços e a quantidade reduzida de leitos. Reportagens apontam que o preço para 11 diárias em Belém durante o período da COP30 pode passar de R$ 2 milhões.
O embaixador norueguês no Brasil, Odd Magne Ruud, afirma que os altos custos podem inviabilizar a participação de muitos países e representantes da sociedade civil no evento. O diplomata acrescentou que o país pode ajustar sua comitiva dependendo da quantidade de leitos disponíveis.
“[A Noruega] poderá ajustar o tamanho de sua delegação, caso seja necessário, para reduzir os custos com o evento”, disse o embaixador, que representa o país que mais doa para o Fundo Amazônia.
Quem também enviou correspondência para o Brasil foi Nick Henry, CEO da Climate Action, uma organização que desenvolve ações pela sustentabilidade no setor privado do Reino Unido. De acordo com o documento enviado em março, “vários CEOs e representantes do setor privado estariam considerando desistir da participação devido à falta de acomodação”.
Já Eva Kracht, diretora-geral de política europeia e internacional do Ministério do Meio Ambiente da Alemanha, disse em telegrama que está preocupada com os aspectos logísticos de Belém. O diretor do Departamento de Energia e Clima da Federação das Indústrias Alemãs, Carsten Rolle, ressaltou que faltam esclarecimentos sobre a logística de hospedagem e que ainda não sabe se o país terá pavilhão próprio no evento, como nas edições anteriores.
Além disso, representantes do Ministério de Ecologia e Meio Ambiente da China relataram que têm encontrado grande dificuldade em reservar hotéis na cidade e que os locais disponíveis estão com o preço muito elevado.
Apesar das críticas, os governos da Alemanha e do Reino Unido responderam à reportagem afirmando que estão otimistas com a organização da COP30 no Brasil.
Em nota, o governo do Pará disse que a alta demanda por hospedagem pode provocar variações nos preços, dinâmica comum em cidades que sediam eventos de grande porte no Brasil e no mundo. A nota diz ainda que estão em execução obras para reformas e construção de hotéis e que navios de cruzeiro serão contratados para ofertar hospedagem para diversos padrões.
De acordo com um balanço da Secretaria Extraordinária para a COP30 (Secop), Belém já tem 36.015 leitos disponíveis e que a cidade contará com os leitos necessários para garantir acomodação para 50 mil pessoas durante o evento. Na última semana, o governo assinou contrato com a empresa Bnetwork, que ficará responsável por organizar uma plataforma com todos os leitos em hotéis e imóveis particulares. A ferramenta permitirá que os participantes consultem opções, comparem preços e localizações, e façam reservas com segurança e praticidade.