Pela primeira vez, a COP30 poderá garantir que pelo menos 30% dos alimentos servidos aos participantes venham da agricultura familiar e da sociobiodiversidade amazônica. A iniciative pode injetar até R$ 3,3 milhões na economia rural da Região Metropolitana de Belém, fortalecendo pequenos produtores, cooperativas e saberes tradicionais, e deixando um legado econômico e ambiental para o estado do Pará, para além da conferência.
Além de garantir um cardápio mais saudável e diverso, a proposta busca valorizar práticas agrícolas que respeitam a floresta e os conhecimentos ancestrais das populações amazônicas.
A iniciativa faz parte o projeto “Na Mesa da COP30”, idealizado pelos institutos Regenera e Comida do Amanhã, com apoio do Centro de Excelência contra a Fome da ONU e do Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT).
Segundo o Instituto Regenera, o valor estimado de R$ 3,3 milhões equivale a cerca de 80% do orçamento anual do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) destinado ao município de Belém. Para o diretor do Instituto, Maurício Alcântara, “essa injeção de recursos não é apenas um número. Significa o fortalecimento de cooperativas, associações e pequenos produtores que adotam práticas que respeitam a floresta e os saberes tradicionais. É uma chance real de desenvolvimento sustentável”.
A proposta pode também contribuir para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Estudos indicam que 74% das emissões brasileiras estão relacionadas à produção de alimentos, especialmente à agropecuária e ao desmatamento.
Ao priorizar alimentos agroecológicos, produzidos sem agrotóxicos e com práticas que preservam a biodiversidade, a COP30 pode se tornar exemplo de como a alimentação pode ser aliada no combate à crise climática. “Alimentação sustentável não é apenas uma questão de saúde. É uma ferramenta poderosa na luta contra as mudanças climáticas. Trazer a agricultura familiar para o centro da COP30 mostra que outro modelo de produção é possível e necessário”, reforça Alcântara.
Para colocar em prática a proposta, as entidades realizam um mapeamento de cooperativas e associações locais, identificando o volume de produção, os tipos de alimentos disponíveis e a capacidade de distribuição.
Todo o processo seguirá as diretrizes do Guia Alimentar para a População Brasileira, respeitando as culturas alimentares da região.
Os organizadores destacam que a experiência pode estimular políticas públicas e práticas alimentares que continuem fortalecendo a agricultura familiar mesmo após a conferência.
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