Os líderes dos países integrantes do BRICS realizaram uma reunião virtual na segunda-feira, 8. Além da crise causada pela guerra comercial do governo Trump e dos conflitos armados na Europa e no Oriente Médio, o encontro também abordou a realização da COP30 no Brasil em novembro.
Em discurso, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que também preside o BRICS neste ano, reforçou o convite aos líderes do bloco para participar da Conferência do Clima em Belém (PA). Para ele, o evento tem o potencial de inaugurar o debate sobre uma nova governança climática mais forte, capaz de exercer supervisão efetiva.
“Os países em desenvolvimento são os mais impactados pela mudança do clima. A COP30 será o momento da verdade e da ciência”, disse Lula. “O Brasil convida seus parceiros do BRICS a considerar a criação de um Conselho de Mudança do Clima da ONU, que articule diferentes atores, processos e mecanismos que hoje se encontram fragmentados”.
Lula também abordou o problema do financiamento climático. Ele defendeu a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) a ser lançado na COP30. Por outro lado, o presidente brasileiro repetiu a cantilena em defesa da exploração de petróleo e gás, sob a justificativa de utilizar esses recursos para “financiar a transição energética”.
A reunião virtual teve a participação dos presidentes Cyril Ramaphosa (África do Sul), Xi Jinping (China), Abdul Fattah al-Sisi (Egito), Prabowo Subianto (Indonésia), Masoud Pezeshkian (Irã), e Vladimir Putin (Rússia), além do príncipe herdeiro dos Emirados Árabes Unidos, Hamdan bin Mohammed al-Maktoum, do chanceler da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, e do vice-ministro de relações exteriores da Etiópia, Demeke Mekonnen.
A disposição do Brasil em mobilizar o BRICS não apenas em defesa do multilateralismo, mas também da cooperação climática global, pode ser uma oportunidade para o País se posicionar como um líder no debate internacional sobre o clima. Essa é a avaliação de especialistas ouvidos pelo Valor, que ressaltaram os efeitos positivos dessa iniciativa sobre a reputação do Brasil no exterior.
Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), e Maria Netto, diretora do iCS, disseram à jornalista Míriam Leitão (Globonews) que a COP30 é uma grande oportunidade para o Brasil se colocar como um ator crucial em questões ambientais.
“O Brasil pode ter um papel fundamental como mediador em um momento de crise geopolítica e do multilateralismo. O desafio agora é mostrar que não basta anunciar metas: precisamos implementar. O Acordo de Paris foi essencial, mas estamos longe do que imaginávamos há 10 anos”, disse Maria Netto, citada por O Globo.