A menos de cinco meses da COP30, a Conferência do Clima da ONU que acontece em novembro, Belém tem virado motivo de preocupação e até irritação nos bastidores das reuniões preparatórias para a conferência em Bonn, na Alemanha. A logística e a infraestrutura hoteleira da capital paraense são o principal tema das conversas entre as delegações, que se perguntam se a cidade amazônica está realmente pronta para sediar um evento de tamanha magnitude global.
Com o turismo no centro do debate, o setor ganhou destaque tanto pelos desafios quanto pela oportunidade de crescimento em uma atividade que precisa da floresta em pé.
Repleto de belezas naturais, praias, florestas preservadas, patrimônio histórico e manifestações culturais ricas e diversas, o Pará sempre teve um grande potencial turístico ainda pouco explorado. O principal período de atração de visitantes é o Círio de Nazaré, no mês de outubro, mas a realização da COP30 pode mudar essa realidade e tornar o setor mais ativo em diferentes épocas.
A visibilidade gerada em grandes eventos pode trazer mais turistas, mas também pressionar o setor local para implementar mudanças que são mais condizentes com os padrões internacionais de turismo do que com o perfil da região. Hotéis de cinco estrelas, suítes presidenciais e imóveis de alto padrão se tornaram uma demanda urgente em Belém com base em um modelo difundido nas últimas COPs sediadas em países enriquecidos pela exploração do petróleo, o principal responsável pelo aumento das emissões de gases desde a revolução industrial.
A falta de estrutura de luxo e de leitos em maior quantidade se tornaram pontos centrais das críticas feitas à COP em Belém. Com a adoção de uma série de estratégias, a organização vem preparando a cidade para receber visitantes investindo em ampliação e variedade de opções de hospedagem, mas sem perder as características amazônicas.
Os planos envolvem, por exemplo, a construção de novos hotéis de luxo e a reforma e modernização dos já existentes. Entre eles estão o hotel de cinco estrelas da rede Vila Galé, com capacidade para 500 leitos, e novo hotel Tivoli Maiorana Jr, que contará com 255 apartamentos, uma suíte presidencial, seis suítes executivas e três restaurantes. Ambos têm inauguração prevista para antes do evento.
Outra estratégia adotada foi a construção de um hotel em estrutura modular destinado à acomodação de delegações estrangeiras. Chamado de Vila Líderes, o espaço tem 405 suítes e localização privilegiada próxima ao Parque da Cidade, onde estará concentrada a programação da COP.
Além disso, a infraestrutura de hospedagem terá o reforço dos imóveis cadastrados em plataformas de aluguel por temporada e de navios de cruzeiro que, segundo o governo, vão ofertar 600 cabines para os participantes. Com mais leitos à disposição, a previsão é de turismo aquecido e mais oportunidades de trabalho e renda com atividades que preservam o meio ambiente.
“O que estamos construindo, efetivamente, é um passo para consolidar uma nova estratégia que vai fazer com que Belém salte degraus para ter no turismo uma grande oportunidade de fortalecimento de serviços e para elevar a qualidade receptiva e toda a cadeia de negócios atrelados ao turismo”, disse o governador Helder Barbalho na assinatura do contrato de concessão de galpões do antigo porto de Belém para a construção do hotel Vila Galé.
Com esses investimentos, o Pará se prepara não só para acomodar os participantes da COP30, mas para explorar o turismo na Amazônia de acordo com as demandas de diferentes perfis. Turistas estrangeiros e com mais recursos poderão ficar em hotéis de luxo ou visitar a região a partir da rota dos cruzeiros e ficar hospedados na própria embarcação. Além disso, a cidade vai contar com outras opções de empreendimentos de três e quatro estrelas, albergues, Airbnb e até pousadas em regiões ribeirinhas com experiências tipicamente amazônicas.
“Vamos fazer num Estado amazônico que vai ser a grande novidade. Se tem aqui o palácio para fazer uma reunião, a gente pode fazer embaixo da copa de uma árvore e discutir assuntos numa canoa num igarapé. Essa vai ser a nossa COP, no Brasil, em 2025?”, declarou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na COP28, em Dubai, sobre a decisão de apoiar a realização da COP em Belém.
Seja em palácios, suítes presidenciais, transatlânticos, hotéis ou albergues, o que se sabe é que o turismo é uma das principais apostas para uma economia sustentável no Pará. A hospedagem está garantida, agora cabe aos turistas decidirem quais destinos querem conhecer.
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