Os graves riscos à saúde que o clima, cada vez mais imprevisível, impõe aos trabalhadores, principalmente os que atuam no campo, voltam ao debate na semana em que se celebra o Dia do Trabalhador, em 1º de maio, e às vésperas da COP30, que acontecerá em Belém, em novembro.
Um dos tópicos que será discutido na conferência é como o avanço das mudanças climáticas coloca mais de 6 milhões de postos de trabalho em risco.
Segundo especialistas, profissões ligadas à agricultura e à extração florestal podem ser as mais atingidas, já que são as mais vulneráveis a secas, inundações, novas pragas ou perda de biodiversidade. A pesca também pode sofrer em áreas com acidificação dos oceanos ou poluição de rios e mares.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), ocorrem mais de 18.960 mortes por ano entre os 1,6 bilhão de pessoas que trabalham ao ar livre, devido ao câncer de pele causado pelo sol. Isso inclui os mais de 870 milhões de agricultores, que ainda estão expostos a pesticidas, resultando em mais de 300 mil mortes anuais por envenenamento. Além disso, este grupo também enfrenta cerca de 15 mil mortes por ano devido a doenças transmitidas por parasitas e vetores.
De maneira geral, a pesquisa aponta que mais de 70% dos trabalhadores em todo o mundo – mais de 2,4 bilhões de pessoas de uma força de trabalho de 3,4 bilhões – provavelmente sofrem com o calor intenso durante o trabalho. Essa proporção aumentou para 70,9% desde o ano 2000, ante os 65,5% anteriores.
A OIT estima que o calor extremo no ambiente de trabalho causa a morte de quase 19 mil pessoas e a perda de mais de 2 milhões de anos de vida saudável anualmente, devido a acidentes de trabalho. Problemas como câncer, doenças cardiovasculares e respiratórias, problemas renais e de saúde mental são associados às mudanças do clima, segundo o relatório.
Diante desse cenário, a OIT enfatiza a urgência de integrar a saúde e a segurança do trabalhador nas soluções para as mudanças climáticas. A organização menciona exemplos de países que já implementaram medidas e defende a revisão e o fortalecimento das leis e práticas de proteção, com atenção especial aos trabalhadores mais vulneráveis, como os do setor agrícola.
“À medida que os riscos das alterações climáticas evoluem e se intensificam, será necessário reavaliar a legislação existente ou criar novos regulamentos e orientações. Algumas populações de trabalhadores podem ser especialmente vulneráveis aos efeitos das alterações climáticas e podem, portanto, precisar de proteções extras”, diz o mais recente documento da OIT sobre o tema.