A presidência brasileira da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) divulgou nesta terça-feira, 12, sua quinta carta oficial, reforçando a urgência de ações concretas para conter a crise climática e projetando Belém como palco central das negociações ambientais globais em 2025.
Na carta, o residente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago coloca as pessoas no centro do debate sobre o clima, lembrando que, antes de sermos uma comunidade de nações, somos uma comunidade de povos. A mensagem central é um chamado aos líderes globais para que a ação climática comece e termine com as pessoas.
“Trazer a COP30 ao coração da Amazônia significa dar espaço aos vulneráveis e periféricos como líderes genuínos, que tomam decisões corajosas todos os dias – e que agora devem ocupar o centro da tomada de decisão global^, diz o documento
O documento, que faz parte de uma série de comunicados preparatórios para a conferência, propõe que o encontro seja um marco de transformação, capaz de converter compromissos diplomáticos em políticas públicas e práticas efetivas.
“Esta é uma carta para as pessoas – para experiências vividas, agência e liderança das pessoas na linha de frente da mudança do clima, especialmente aquelas em situações de vulnerabilidade. Não são vítimas passivas da mudança do clima, mas líderes vivos do cuidado, da resiliência e da regeneração”, diz a carta.
Segundo a carta, a COP30, que será realizada em novembro deste ano, será uma oportunidade histórica para alinhar ambições e acelerar a implementação de acordos firmados desde o Acordo de Paris, de 2015. No documento, Corrêa do Lago defende que a conferência avance na integração entre desenvolvimento econômico, justiça social e preservação ambiental, especialmente em um momento em que a ciência aponta para uma janela cada vez mais estreita para manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5°C.
O documento também enfatiza a necessidade de ampliar a cooperação internacional, garantindo financiamento climático consistente e previsível, com foco especial nos países mais vulneráveis. Nesse sentido, a carta defende a ampliação das fontes de recursos e mecanismos inovadores de investimento, ao mesmo tempo em que destaca a importância da transferência de tecnologia para apoiar a transição para economias de baixo carbono.
Um dos pontos centrais do texto é o reconhecimento do papel de comunidades indígenas e povos tradicionais na preservação de ecossistemas estratégicos, como a Amazônia. A presidência ressalta que a inclusão dessas vozes nas mesas de negociação não é apenas um gesto simbólico, mas uma necessidade prática para o desenho de políticas mais efetivas.
“É hora de lembrarmos que justiça climática começa com pessoas. Que território não é apenas terra, mas memória, identidade, governança e futuro. Que ancestralidade não é passado, mas uma inteligência que orienta. Que conhecimento ancestral é vital para a sobrevivência e o florescimento da humanidade. Que memória é infraestrutura e que contar histórias é uma forma de ação climática – capaz de conectar gerações, construir pertencimento e restaurar confiança. Que cuidar é uma modalidade de poder, a ser integrado na forma como planejamos, financiamos, governamos e nos adaptamos”, destaca um trecho do documento.
Com cerca de três meses para a conferência, a presidência brasileira afirma que o momento exige mais que discursos, é preciso adotar medidas práticas e urgentes. “A COP30 deve ser uma conferência de ação”, defende o documento, propondo que os países cheguem a Belém dispostos a fechar acordos concretos para acelerar a redução de emissões, ampliar a adaptação a eventos extremos e garantir que o financiamento climático alcance quem mais precisa.
O Brasil, segundo a carta, pretende usar a conferência para apresentar ao mundo sua estratégia de conciliar crescimento econômico com justiça social e proteção ambiental. A presidência encerra o comunicado reafirmando o compromisso de trabalhar pela convergência de interesses entre nações, usando a COP30 como ponto de partida para uma nova fase de governança climática internacional.
“Que a COP30 seja o encontro onde a autoridade formal caminhe lado a lado da liderança genuína. Onde nós, os povos da Terra, possamos nos encontrar para lembrar o que significa pertencer ao planeta e uns aos outros. No qual a ação climática não se resuma apenas às instituições, mas comece e termine com as pessoas. Avancemos decididamente para mudarmos por escolha, juntos”, finaliza o presidente da COP30, André Lago.
Confira a íntegra da carta aqui.
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