A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorre em novembro, em Belém, vai mobilizar o mundo para buscar soluções para conter o aquecimento global. Em meio a esse grande evento, a cidade-sede enfrenta também desafios em relação às questões ambientais com grande parte do seu território ainda sem cobertura de serviços de abastecimento de água e saneamento.
Na Ilha do Combu, que é uma das 39 ilhas que cobrem 65% da área da capital paraense, o acesso a serviços básicos ainda é um sonho para grande parte dos moradores. Mesmo cercado de água, o comerciante Rosivaldo de Oliveira Quaresma, 49 anos, diz que precisa atravessar diariamente para o continente para comprar água mineral e manter o funcionamento do restaurante que tem.
“Alguns turistas acham que a gente usa água do rio para fazer suco, para bater açaí. Aí a gente fala que a nossa água é desses tambores de 20 litros, e que é caro para a gente, mas não tem outra opção. Então, o consumo geralmente é água mineral”, explica.
As dificuldades enfrentadas por Rosivaldo são as mesmas de outros moradores que não têm como bancar a construção de um sistema independente de tratamento de água e esgoto. A saída é bombear a água rio Guamá para tratar com hipoclorito de sódio para utilizar na lavagem de louças, roupas e nos banheiros, enquanto que a água mineral é usada no consumo e no preparo de alimentos.
Outras famílias encontraram soluções mais adequadas à realidade local. A professora aposentada Ana Maria de Souza, 61 anos, por exemplo, decidiu construir uma fossa ecológica proposta por um projeto da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra).
Nesse sistema são usados tanques de evapotranspiração de baixo custo feitos com entulhos e pneus, além de fáceis de encontrar na região. Os dejetos percorrem diferentes materiais colonizados por bactérias que promovem uma digestão do esgoto sem a necessidade de oxigênio. Já as plantas têm a função de absorver os líquidos devolvendo a água limpa à atmosfera pela evapotranspiração.
“Eu posso dizer que eu estou muito feliz, porque eu também tenho a fossa ecológica na minha casa”, conta a moradora.
Mas além da falta de saneamento básico, a Ilha do Combu tem também desafios de conservação. Protegida desde 1997 como área de proteção ambiental (APA), a ilha ainda não conta com um plano de manejo nem recebeu obras e investimentos da COP30.
O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-bio), que é responsável pela gestão da APA, informou que o plano de manejo para orientar o uso sustentável dos recursos naturais da ilha e definir o ordenamento territorial está em elaboração e prestes a ser concluído.
Fonte: Agência Brasil