O Pará e a região amazônica confirmaram seu protagonismo na cadeia do cacau de alto valor agregado. Na sétima edição do Concurso Nacional de Cacau Especial do Brasil, realizada no sábado, 6, em Cacoal (RO), o destaque foi para os produtores paraenses, que conquistaram os três primeiros lugares na categoria mais disputada, a Mistura (blends de variedades).
A competição visa posicionar o País no mercado de cacau premium, avaliando atributos físico-químicos, sensoriais e de sustentabilidade.
O produtor paraense Robson Brogni, de Medicilândia, levou o primeiro lugar na categoria Mistura, seguido de Gilmar Batista de Souza (Uruará) e Miriam Aparecida Federicci Vieira (Medicilândia)). Brogni, que já é veterano no pódio do concurso, tem reconhecimento global: ele alcançou o segundo lugar no Cacao of Excellence Award em 2024, a principal competição mundial do segmento.
Já na categoria Varietal, que teve o tricampeonato de Mauro Celso Tauffer, agricultor familiar de Buritis (RO), , teve o paraense José Batista de Souza, de Uruará como segundo colocado.
O sucesso do cacau amazônico não é à toa. A produção amazônica vem se consolidando a partir de modelos agrícolas mais integrados ao ecossistema, com especial atenção aos SAFS (Sistemas Agroflorestais). Essa lógica combina o cacau com espécies nativas, aproveitando a condição de planta de sub-bosque do cacaueiro, que se desenvolve bem à sombra, o que ajuda a recompor a paisagem degradada e a reduzir os danos ambientais.
Para Adriana Reis, especialista em análise sensorial de cacau e chocolate e gerente de qualidade do CIC, o concurso cumpre a missão de encontrar ‘as joias de cacau espalhadas pelo Brasil’. Na edição de 2025, os resultados mostram o destaque da Amazônia no cenário cacaueiro nacional.
“O cacau amazônico é complexo, com notas suaves e frutadas, baixo amargor e nuances florais e de especiarias”, comenta.
Avaliação
O concurso, organizado pelo CIC (Centro de Inovação do Cacau) em parceria com a AIPC e a Abicab, recebeu 108 amostras, das quais 20 avançaram para a final. Na etapa decisiva, o líquor (massa de cacau sem açúcar) e chocolates 70% produzidos pelo CIC foram submetidos à degustação às cegas, em um processo padronizado para reduzir interferências.
O júri externo, composto por nomes como a jornalista e cacauicultora Ticiana Villas Boas e a crítica gastronômica da Folha de S.Paulo, Priscila Pastre, contribuiu para a definição dos vencedores, a partir das notas consolidadas de todas as etapas.
O resultado da premiação valoriza a missão de produtores paraenses e da Amazônia em produzir cacau de alta qualidade, cuja produção é essencialmente feita em parceria com famílias ribeirinhas, comunidades indígenas e quilombolas, adotando técnicas de plantio sustentável.
Além do reconhecimento, os primeiros colocados levaram R$ 25 mil como premiação, enquanto os segundos ganharam R$ 15 mil e os terceiros, R$ 10 mil.
Confira a lista completa de vencedores:
Categoria Mistura
1º – Robson Brogni (Medicilândia – PA)
2º – Gilmar Batista de Souza (Uruará – PA)
3º – Miriam Aparecida Federicci Vieira (Medicilândia – PA)
Categoria Varietal
1º – Mauro Celso Tauffer (Buritis – RO) — Variedade BN34
2º – José Batista de Souza (Uruará – PA) — Variedade Casca Fina
3º – Luíz Anastácio da Silva (Cacoal – RO) — Variedade CEPEC 2022


