Neste 25 de julho, o Dia Internacional do Agricultor Familiar nos convida a refletir sobre a importância fundamental de milhões de famílias que, silenciosamente, trabalham a terra e garantem o alimento na mesa de todos os brasileiros. São esses pequenos e médios produtores que formam o verdadeiro alicerce da nossa segurança alimentar, da economia local e da preservação ambiental, com a utilização de boas práticas agrícolas.
A agroecologia é, assim, um pilar essencial para a transformação sustentável da agricultura familiar, promovendo práticas que respeitam os ciclos naturais, utilizam recursos de forma eficiente e contribuem para a preservação ambiental e a biodiversidade. Esse modelo também valoriza o conhecimento tradicional, crucial para a adaptação às mudanças climáticas.
O Brasil possui, ao todo, mais de 5 milhões de estabelecimentos rurais, sendo que 77% deste volume é classificado como parte da agricultura familiar.
Lançado nesta sexta-feira, o Anuário Estatístico da Agricultura Familiar, produzido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) em parceria com o Dieese, revela dados positivos para o setor.
- O rendimento médio mensal dos trabalhadores rurais avançou 5,5% no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior, subindo de R$ 2.022 para R$ 2.133. Esse crescimento foi significativamente maior que os 0,2% registrados em 2024.
- As regiões Norte (+21%) e Sul (+9,7%) foram as que mais impulsionaram esse aumento de renda. Apesar de o Centro-Oeste ter registrado uma queda de 7,9%, ele mantém o maior rendimento médio do País (R$ 3.492), enquanto o Nordeste segue com o menor (R$ 1.081).
- Houve queda da taxa de desemprego entre as mulheres do campo, atingindo 7,6% em 2024. Este é o menor índice desde 2015, marcando o terceiro ano consecutivo de redução. Essa melhora está ligada ao aumento do nível de instrução das mulheres rurais: o percentual com Ensino Superior triplicou entre 2012 e 2024 (de 2% para 6%), e a fatia com Ensino Médio completo subiu de 14% para 25%.
- em 2024, o Brasil registrou o maior número de agricultores beneficiados pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) desde 2016, com 82.573 cadastros, um aumento de 87,5% em relação a 2023. Esse salto é atribuído principalmente ao aumento de recursos destinados ao programa pelo governo em 2023, que chegou a R$ 1,1 bilhão.
Para a presidente da Contag, Vânia Marques Pinto, os dados reforçam a “luta pela dignidade no meio rural” e a necessidade de qualificar políticas públicas para os povos do campo.
Estilo de vida
A agricultura familiar não é apenas um segmento do agronegócio; é um estilo de vida e um modelo de produção que se destaca pela diversidade e sustentabilidade. Enquanto o agronegócio de larga escala foca em poucas commodities para exportação, as famílias agricultoras cultivam uma vasta gama de alimentos: feijão, arroz, verduras, legumes, frutas, leite, ovos e carnes. Estima-se que sejam responsáveis por grande parte dos alimentos que compõem a cesta básica do país.
Além de nutrir a população, a agricultura familiar é uma potente geradora de empregos e renda no campo. Ela fixa o homem e a mulher à terra, combatendo o êxodo rural e fortalecendo as comunidades locais. Ao manter a produção em pequenas propriedades, essas famílias também contribuem diretamente para a preservação ambiental, utilizando, muitas vezes, técnicas de manejo mais sustentáveis e conservando a biodiversidade.
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