A Amazônia brasileira, sede da recém-acabada COP30, registra uma queda significativa no desmatamento. Em outubro de 2025, a derrubada da floresta atingiu 237 km², uma redução de 43% em comparação aos 419 km² devastados em outubro de 2024. Este é o menor índice para o mês desde 2019, conforme dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), que monitora a região por satélite desde 2008.
O pesquisador Carlos Souza Jr., coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon, celebra os resultados.
“Considerando o acumulado dos três primeiros meses do calendário [de desmatamento de 2026, que vai de agosto de 2025 a julho de 2026], há redução de 44% no desmatamento até o momento. [É uma] tendência de redução muito positiva para que o país caminhe rumo ao cumprimento da meta de desmatamento zero até 2030”, afirmou.
A queda pode ainda gerar benefícios com a aplicação dos mecanismos de finanças florestais propostos durante a COP30.
A nota triste é que, apesar da queda de 14% no desmatamento em outubro, o Pará foi o estado com a maior área devastada no mês: 113 km², o que corresponde a 48% de toda a derrubada registrada na Amazônia.
Degradação florestal cai 92%
Além da queda no desmatamento, a Amazônia teve uma redução ainda mais expressiva na degradação florestal (dano causado por fogo e exploração madeireira).
Os dados do Imazon indicam que a área de florestas degradadas caiu 92% em outubro de 2025, passando de 6.623 km² em outubro de 2024 (mês de alta significativa nas queimadas) para 516 km².
Com isso, o acumulado de degradação de janeiro a outubro de 2025 fechou com uma queda de 87% em relação ao ano anterior. Em 2024, a Amazônia registrou sua maior área degradada desde 2009 (32.869 km² nos primeiros 10 meses), mas em 2025 esse número foi reduzido para 4.282 km².
O campeão de degradação florestal foi Mato Grosso, com 62% das florestas degradadas na região.
Apelo da ciência na COP30
A manutenção das florestas tropicais em pé foi uma das pautas fortemente defendidas pela comunidade científica durante a COP30, sendo estes ecossistemas cruciais para capturar carbono e controlar as mudanças climáticas.
Por isso, pesquisadores do clima defenderam na conferência a urgência de os países apresentarem roteiros para eliminar simultaneamente os combustíveis fósseis e o desmatamento. Eles ainda ressaltaram que, como a maior parte das florestas tropicais intactas está em países em desenvolvimento, o roteiro para acabar com o desmatamento precisa incluir apoio financeiro, capacitação e monitoramento robusto.


