Liderada pelo Brasil, a plataforma RAIZ (sigla em inglês para Resilient Agriculture Investment for net-Zero land degradation), lançada na COP30, recebeu o apoio de oito países para impulsionar a restauração de áreas degradadas em todo o mundo: Austrália, Canadá, Alemanha, Japão, Arábia Saudita, Nova Zelândia, Noruega, Peru e Reino Unido
Com parceria da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a iniciativa tem o objetivo de mobilizar recursos financeiros para reverter a degradação de terras agrícolas em escala planetária, buscando fortalecer a segurança alimentar, proteger a biodiversidade e combater a crise climática.
A urgência é monumental: um déficit de US$ 105 bilhões impede a restauração, um valor que governos não conseguem suprir sozinhos. O setor privado, apesar de ter potencial para investir US$ 90 bilhões, enfrenta barreiras como altos custos iniciais e retornos de longo prazo. A RAIZ nasce para superar essa lacuna, atuando como um catalisador de investimentos ao cocriar soluções de financiamento adaptadas a cada país, destravando o capital privado para a restauração.
O potencial é igualmente gigantesco: a plataforma mira a recuperação de aproximadamente 1 bilhão de hectares de terras agrícolas degradadas (mais de 20% do total mundial). Reverter apenas 10% da degradação dessas terras cultiváveis poderia gerar alimentos suficientes para 154 milhões de pessoas.
De acordo com o diretor do Escritório de Mudanças Climáticas, Biodiversidade e Meio Ambiente da FAO, Avreh Zahedi, a plataforma busca acelerar investimentos em restauração e agricultura resiliente, conectando prioridades nacionais com soluções financiáveis e fluxos de capital. Segundo ele, o lançamento marca um legado importante da COP30.
O ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil (Mapa), Carlos Fávaro, complementou, destacando que o RAIZ se inspira diretamente na experiência brasileira. Fávaro citou o programa Caminho Verde Brasil, lançado em 2023, que já restaurou 3 milhões de hectares e contribuiu diretamente para a safra recorde de 2025.
De acordo com o ministro Carlos Fávaro, a RAIZ representa a contribuição do Brasil à agenda global de sustentabilidade.
“O que estamos levando à COP é o resultado de políticas concretas. O Brasil tem mostrado que é possível produzir de forma sustentável e quer compartilhar esse conhecimento com o mundo”, afirmou o ministro.
A iniciativa em cases de sucesso brasileiros, como o Green Way e o EcoInvest, que já mobilizaram cerca de US$ 6 bilhões.
De acordo com o Mapa, a proposta deve fortalecer programas conduzidos pela pasta que promovem a recuperação de solos e o uso sustentável da terra, como o Solo Vivo e o Caminho Verde Brasil, de alcance nacional. Ambos reúnem ciência, tecnologia e inclusão produtiva para transformar áreas degradadas em sistemas agrícolas mais eficientes e ambientalmente responsáveis.
Roberto Rodrigues, enviado especial da COP30 para Agricultura, destacou que o solo é a base da vida humana e que financiar a restauração deve ser tratado com a mesma prioridade. Ele afirmou que a agricultura historicamente recebeu pouca atenção nas COPs, e que o Brasil está corrigindo esse desequilíbrio ao colocar a agricultura e o solo no centro por meio do RAIZ.


