O relatório GEO Brasil 2025: Estado e Perspectivas do Meio Ambiente, realizado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), foi lançado nesta terça-feira (18), na COP30, como um “chamado à ação” para o país. O documento, que contou com a colaboração do PNUMA, da FGV e do IPEA, expôs dados inéditos sobre a fragilidade ambiental brasileira.
Entre as descobertas mais alarmantes, o GEO Brasil 2025 revelou que os gastos federais com meio ambiente representaram apenas 0,26% do orçamento entre 2001 e 2022, e que cerca de 30% dos municípios carecem de infraestrutura básica para gestão.
Os impactos climáticos já são sentidos: biomas como Pantanal e Cerrado registraram aumentos de temperatura de até 3°C e 4°C a mais, respectivamente. A poluição do ar causa cerca de 51 mil mortes prematuras por ano, e a demanda por água deve saltar para 1.553,5 m³/s, em 2040.
Além disso, o relatório destacou a expansão agropecuária, que levou a área ocupada de 187,3 para 282,5 milhões de hectares entre 1985 e 2022, acompanhada por um aumento de 108% na venda de agrotóxicos. O documento também mostra que apenas 52,2% do esgoto é tratado – índice que cai para menos de 20% na região Norte.
José Antônio Puppim, pesquisador da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP) e coordenador do FGV Earth, afirmou que o GEO é mais do que um relatório técnico.
“Ele faz perguntas-chave: o que estamos fazendo com o meio ambiente? Quais as consequências? E, principalmente, o que podemos fazer para reverter esse quadro? Além de fortalecer a relação entre ciência e políticas públicas, a publicação oferece um diagnóstico robusto e aponta caminhos para uma transformação sustentável”, destacou.
O pesquisador Carlos Nobre, da USP, presente no lançamento, reforçou o alerta de que o Brasil está diante de uma crise climática sem precedentes.
“O Brasil sofreu muito com eventos extremos nos últimos anos – ondas de calor, secas, enchentes – que já causam milhares de mortes. Além do aquecimento global, enfrentamos um risco gravíssimo: o desmatamento. A Amazônia está à beira do ponto de não retorno, assim como o Pantanal, o Cerrado e a Caatinga. Se não pararmos agora, até 2070 perderemos a maior biodiversidade do mundo, com impactos irreversíveis para a saúde e a economia”, explicou o pesquisador.


