Um grupo de cientistas, gestores públicos e representantes de organizações da floresta apresentou, na COP30, o relatório “Climate Adaptation of the Amazon Forest: a focus on guardians of the rainforest” (Adaptação Climática da Floresta Amazônica: foco nos guardiões da floresta”, em tradução para o português), primeiro documento público do Conselho de Adaptação da Conferência de Belém voltado à realidade dos povos da Amazônia.
O estudo, elaborado por cientistas e gestores, incluindo Virgílio Viana (FAS), José Marengo (Cemaden), Vanessa Grazziotin (OTCA) e Natalie Unterstell (Instituto Talanoa), reúne dados científicos e propostas concretas para fortalecer a resiliência climática regional.
O documento é resultado de um processo participativo que ouviu 628 comunidades e consolidou 60 planos locais de adaptação em cinco estados amazônicos. As comunidades identificaram cinco prioridades urgentes para resistir às mudanças climáticas, como a perda de previsibilidade de chuvas e as secas extremas: segurança hídrica e saneamento; produção resiliente e bioeconomia; infraestrutura e logística sustentável; proteção e monitoramento territorial; e educação, cultura e conhecimento climático.
“A adaptação climática da Amazônia exige governança regional e financiamento em escala. Precisamos de soluções integradas, que fortaleçam quem vive na floresta e garantam que os recursos cheguem às comunidades. A Amazônia é vital para o equilíbrio climático do planeta, e investir aqui é investir no futuro global”, afirmou Virgílio Viana, superintendente geral da Fundação Amazônia Sustentável (FAS).
Estélio Munduruku, da Terra Indígena Kwatá-Laranjal, destacou que o plano nasceu do desejo coletivo de fortalecer a juventude e unir os povos em defesa comum.
“Esse plano foi construído em coletivo entre nós, indígenas do Amazonas, pensando nas necessidades dos jovens das comunidades e das zonas urbanas. A escola, que propusemos, nasce desse desejo de formação, de oportunidade, de fortalecer nossa juventude. A apresentação foi um marco histórico, porque uniu vários povos em uma defesa comum”, destacou.
A análise estima que o custo para implementar os planos de adaptação nas comunidades brasileiras da Amazônia é de R$ 21,7 bilhões (cerca de US$ 4 bilhões), podendo dobrar, se consideradas todas as comunidades da região. O relatório recomenda, assim, a ampliação de mecanismos de financiamento como o Fundo Amazônia e parcerias com organismos multilaterais.
Por fim, o documento propõe uma nova narrativa. De acordo com Vanessa Grazziotin, a adaptação é uma questão de sobrevivência e justiça, e a comunicação deve transformar a crise em uma narrativa de ação e soluções amazônicas. A publicação completa está disponível no site da FAS.


