O termo “otimismo cauteloso” foi empregado por um negociador da COP30 para descrever o resultado das consultas da presidência com os países participantes. O objetivo dessas reuniões é incorporar à agenda oficial temas inicialmente excluídos, buscando destravar as discussões.
O trabalho tem exigido longas sessões, indicando a busca por um consenso. Túlio Andrade, diretor de Estratégia e Alinhamento da COP30, interpreta essa intensidade como um indicativo positivo. Ele destacou que as partes estão ativamente fazendo propostas e construindo soluções em conjunto, uma postura cooperativa que não se observava há bastante tempo.
A expectativa era que a plenária, marcada para às 17h, discutisse esses assuntos, mas ela foi adiada. O presidente da COP, André Corrêa do Lago, informou que as consultas com os países não foram finalizadas. O balanço das negociações, que seria apresentado, foi prorrogado pelo menos até a quinta-feira (13), e o balanço mais completo fica mantido para o sábado (15).
Para a CEO da COP30, Ana Toni, as negociações têm avançado em um “ritmo acelerado”. Ela citou a conclusão de negociações na área da Ação para o Empoderamento Climático nesta quarta-feira – terceiro dia da Conferência. Diante desse cenário positivo, a CEO avalia que os envolvidos estão em “condições de concluir” outros temas em andamento. Ela mencionou, como exemplos, as pautas da agenda de Green Digital Action (GDA) e a adoção de indicadores.
Ana Toni também atualizou o número de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) entregues pelos países, que subiu de 112 para 113 nesta quarta-feira.
O Mapa do Caminho
Um dos pontos centrais em debate é o artigo do Acordo de Paris que estabelece a obrigação legal de países desenvolvidos fornecerem financiamento a países em desenvolvimento para ações climáticas. A discussão se concentra mais na validade e implicações legais da obrigação do que no valor do investimento.
Corrêa do Lago prometeu apresentar, também no sábado (15), um relatório elaborado com o presidente da COP29, de Baku, que aponta o “Mapa do Caminho’ para elevar o financiamento dos US$ 300 bilhões, aprovados no ano passado, para US$ 1,3 trilhão necessário para mitigar e adaptar os efeitos climáticos. “Não é um tema que eles têm que aprovar, que tem que ser discutido. É uma contribuição”, disse ele.
Participação histórica de indígenas
“Você sabe quantos indígenas estiveram nas COPs anteriores? O maior número que tivemos até hoje foi de 300 indígenas. Aqui nós temos mil indígenas na Zona Azul. Nossas vozes estão sendo escutadas”. As afirmações são da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, que, na tarde desta quarta-feira (12), caminhou, com outras 15 mulheres indígenas de várias nacionalidade, da Zona Verde para Zona Azul, reforçando a união em torno das causas comuns. A ministra será a entrevistada do programa “Bom dia, Ministra” desta quinta-feira (13), em que falará sobre o protagonismo indígena nas discussões climáticas e as ações do governo do Brasil para proteção dos territórios.

Fóssil do Dia
Fóssil do Dia é anti-prêmio, idealizado pela CAN (Climate Action Network-International), uma rede com mais de mil ONGs espalhadas pelo mundo. O objetivo é expor “países que estão fazendo o máximo para conseguir o mínimo no combate às mudanças climáticas”, segundo a própria organização.
Depois do Ray of the Day (Raio do Dia), que, ao contrário do Fóssil, premia boas ações, entregue na terça-feira (11), para G77 e China – “por iluminar o caminho para uma transição justa” -, o Fóssil do Dia, desta quarta-feira, ficou para o Reino Unido, que foi contra a criação de um Mecanismo Global para Transição Justa.


