Com mais de 60 anos de história e mais de 50 sabores no cardápio, a sorveteria Cairu, eleita a melhor do Brasil e uma das 50 melhores do mundo, tem feito a alegria e o alívio dos participantes da COP30 em Belém.
A sorveteria possui dois espaços ao longo da Blue Zone, um deles na ‘avenida’ principal que abriga o centro das discussões sobre o clima, assim como escritórios de delegações e espaços de convivência.
Lá, Felipe Santos trabalha com mais quatro atendentes servindo sorvetes, das 10h às 22h. Em entrevista ao Pará Terra Boa, ele explica que a sorveteria trabalha com mais de 50 sabores, mas 17 foram escolhidos para estar nos espaços da COP30.
“Mandaram a chefia fazer uma seleção do que iria entrar porque não ia caber tudo nos freezers, daí vieram 17 sabores misturando os clássicos como o de chocolate e os regionais campeões de vendas, como o Carimbó (sorvete de castanha do Pará com doce de cupuaçu)”, explica.

O atendente afirma que, dos cinco funcionários no quiosque, um tem nível intermediário de inglês e outro, nível básico, mas todos acabam falando um pouco de todas as línguas na correria dos atendimentos.
“É uma loucura, mas todo mundo aprende um pouco do básico para se comunicar. Uma coisa que ajuda é que nossos produtos são água mineral e sorvete, então já estamos craques em water, ice cream, 1 or 2 balls”, comenta de forma divertida.
Felipe diz que antes do início oficial das atividades, no dia 10 de novembro, tentaram barrar o uso das casquinhas de sorvete, mas a empresa e os demais operadores conseguiram recorrer da decisão.
“Igual aquele lance de tentarem proibir o tucupi, com a gente foi a casquinha de sorvete. Também proibiram a gente de usar nossa marca nos copinhos de sorvete e deram uma opção sem logo, mas a casquinha é algo tão clássico que pessoal da chefia recorreu e conseguiu”, explica.
Ao ser questionado sobre os sabores mais vendidos, ele fala de forma direta: Açaí, Carimbó (castanha do Pará e doce de cupuaçu) e COP30 (pistache com castanha-do-pará e cupuaçu). Mas a colega de balcão de Felipe complementa dizendo que os dois primeiros sabores são unanimidade entre todos os pedidos, mas o COP30 é destaque na preferência dos fregueses estrangeiros.

Sabor de quê?
Moses Okello, da Uganda, disse que o sorvete Cairu foi a primeira coisa que conheceu assim que chegou a Belém.
“Já vim ao Brasil três vezes, mas é minha primeira vez no Pará. Assim que cheguei aqui, me levaram na Estação das Docas para provar esses sorvetes. Comecei provando o de chocolate, mas em três dias já provei de Carimbó, Tapioca, Mestiço (açaí e tapioca) e agora vou provar o COP30”, disse pouco antes de pegar o sorvete das mãos de Felipe.
João Mendes é paraense, mas atualmente vive em São Paulo. Ele diz que provar o sorvete é como voltar pra casa e lembrar dos seus melhores momentos na cidade.
“Chega a emocionar porque é o gosto do insumo mesmo. No de tapioca, alguns têm gosto de coco quando a gente toma por aí, já esse aqui tem gosto de tapioca com leite mesmo, do mingau que a gente cresce tomando”, relembra.
Fernanda Pessoa é de Minas Gerais e destaca os sabores de frutas regionais como os seus favoritos, por trazer o gosto exato das frutas.
“A gente sente o doce, o azedinho na língua, é incrível. Semana passada fui à feira (do Ver-o-Peso) e provei as frutas mesmo do bacuri, cupuaçu, uxi e, cara, é exatamente igual. Meu preferido continua sendo o de cupuaçu, mas é incrível ver que traz o gosto exato, é um convite e tanto para conhecer a cultura daqui”, diz.
Para Felipe, a experiência de ver o produto regional ser tão aceito é motivo de alegria, principalmente por se transformar em mais empregos para o setor.
“É uma alegria imensa, porque além da gente já saber que as nossas frutas são deliciosas, isso atrai ainda mais atenção e gera mais empregos. Desde agosto, começaram a contratar mais gente pra dar conta não só do período da COP, mas até o fim do ano. Ver isso tudo virando pão na nossa mesa é uma maravilha”, destaca.


