O rastro de destruição ambiental, medido em toneladas de emissões de gases de efeito estufa, será transformado em arte e denúncia na 30ª Conferência do Clima da ONU (COP30). O artivista Mundano desembarca na capital paraense com um estoque simbólico: cinzas reais de incêndios que devastaram a Amazônia, o Cerrado, o Pantanal e a Mata Atlântica.
Em 2024, o fogo duplicou as emissões líquidas do Brasil por desmatamento, liberando um volume colossal de 241 MtCO2e. Agora, este “testemunho” material da crise climática será a matéria-prima de um painel inédito que Mundano produzirá durante as semanas da conferência. A obra será inaugurada na próxima terça-feira (11), na Casa COP do Povo, um espaço de mobilização autônomo e paralelo ao evento oficial.
Mundano, que já tem um mural em Belém (Persistência da Devastação, na Universidade Federal do Pará), denunciando a exploração de petróleo na Foz do Amazonas , utiliza as cinzas coletadas em uma jornada de mais de 10 mil quilômetros em 2021. Desde então, o artista tem transformado a destruição total da cinza em beleza e alerta, compartilhando o material com 152 artivistas que pintaram mais de 200 murais globalmente.
Em um de seus trabalhos mais recentes e impactantes, Mundano utilizou cinzas e lama das enchentes do Rio Grande do Sul para criar um megamural de 1.600m² com o retrato da líder indígena Alessandra Munduruku. A obra cobra publicamente a família Cargill-MacMillan, dona da multinacional Cargill, para que cumpra o compromisso de zerar o desmatamento em suas cadeias de fornecimento.
A obra na Casa COP do Povo em Belém e as ações de artivistas reunidos em oficinas pré-COP, como o Global Artivism, buscam garantir que a voz da floresta e de seus defensores seja inegável: “o nosso tempo está se esgotando”.
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