Em um movimento que posiciona o Brasil na vanguarda da economia climática, o governo brasileiro lança, nesta quinta-feira (6), na Cúpula dos Líderes da COP30, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). O novo mecanismo financeiro surge como a principal aposta para transformar a conservação florestal em um ativo global remunerável, reforçando que não há contradição entre preservação e desenvolvimento econômico.
O lançamento ganha ainda mais peso com a divulgação do estudo “O Protagonismo das Florestas Brasileiras na Agenda Climática Global”. O levantamento, que une instituições como Imazon, Ibá e Instituto Arapyaú, comprova o potencial nacional: com políticas de desmatamento zero e forte investimento em restauração e silvicultura, o Brasil pode ampliar sua área florestal de 517 milhões para 525 milhões de hectares nos próximos dez anos, um ganho equivalente a duas vezes o território da Suíça.
O TFFF é, portanto, o motor financeiro para realizar a ambição traçada pelo estudo. Enquanto as florestas absorvem um terço das emissões globais de carbono – sendo a solução mais escalável e custo-efetiva –, o fundo oferece a contrapartida econômica necessária para que países tropicais mantenham essa “máquina natural” funcionando.
O estudo e o lançamento do TFFF desenham o cenário potencial para 2035, onde a reversão da curva de perda de florestas é viável. Atingir o desmatamento ilegal zero, combinado com a expansão da silvicultura em áreas degradadas (que pode chegar a 29 milhões de hectares) e a restauração de 15 milhões de hectares, pode levar a um aumento inédito de 1% no estoque de carbono nacional.
“Sem as florestas tropicais, as metas do Acordo de Paris não podem ser atingidas. Existem duas maneiras de capturar carbono: uma é com tecnologia caríssima e a outra é com o que temos há meio bilhão de anos — a fotossíntese,” afirmou Beto Veríssimo, cofundador do Imazon e enviado climático para florestas da COP30. “O TFFF é a ponte entre a fotossíntese e o mercado global de carbono”, concluiu.
O sumário executivo do estudo “O Protagonismo das Florestas Brasileiras na Agenda Climática Global” foi entregue na semana passada ao presidente da conferência, André Corrêa do Lago, e à diretora executiva, Ana Toni. Ele pode ser acessado aqui.


