O mais novo roteiro de Turismo de Base Comunitária (TBC) da Grande Belém convida seus visitantes a conhecer os costumes e a cultura da ilha de Outeiro, a poucos minutos do centro da capital paraense.
A proposta reúne 12 experiências imersivas que convidam o visitante a viver a ilha território por dentro: do café da manhã ribeirinho ao som de carimbó pau e corda, ao passeio de canoa pelos igarapés, passando pela colheita do açaí, oficinas de cerâmica, sabores de quintal e histórias contadas por mestres e mestras locais.
Durante um dia inteiro de vivência, o roteiro ‘Caratateua Viva!’ apresenta a integração da Amazônia urbana e ribeirinha, onde arte, natureza e ancestralidade se mesclam na mesma paisagem.

O projeto é uma realização do Sebrae Nacional, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (Semcult), no âmbito do programa Turismo Futuro do Brasil (TFB). A iniciativa será apresentada ao público durante a COP30, celebrando Outeiro como um território de cultura, natureza e memória.
Turismo que nasce das mãos da comunidade
Os próprios moradores são responsáveis por planejar, receber e conduzir as experiências, transformando locais comuns – como casas, terreiros e ateliês – em ambientes que geram encontro, aprendizado e troca.
A professora Inaiá Paes, integrante do Grupo Colibri, compõe o roteiro por meio dos Pássaros Juninos, reunindo figurinos, feira de artesanato e apresentações dos grupos Colibri, Tem-Tem, Pipira da Água Boa e Monturo do Urubu do Fidélis. Ela cita a oportunidade coletiva para a comunidade integrar a programação.
“No pássaro, precisamos de, no mínimo, 35 brincantes. Por isso abrimos inscrições para a comunidade. É uma festa que envolve toda a família: crianças, jovens, adultos e idosos”, destaca.
Para ela, o roteiro materializa a exposição e celebração da cultura das ilhas que, embora estejam perto do centro de Belém, por vezes acabam esquecidas por parte das rotas turísticas tradicionais.
“As ilhas acabam vistas como um roteiro escondido, restrito, quase mítico. O que estamos fazendo com o lançamento do roteiro é mostrar o melhor que fazemos e deixando a dica de que incentivar o turismo comunitário é investir na qualidade de vida da população local e em negócios locais que já nascem sustentáveis”, reforça.
Conheça os 12 destinos do roteiro
Ao todo, são 12 espaços de cultura viva, fé e criação, onde cada ponto representa um modo de existir e resistir na Amazônia paraense.
- Grupo Parafolclórico Tucuxi e Regional Jurupari
Oficinas e apresentações de carimbó, xote e lundu que formam jovens artistas e mantêm viva a tradição folclórica da ilha. - Casa de Mariana, Mãe Sandra
Terreiro de fé e acolhimento, onde a espiritualidade afro-brasileira se entrelaça à vida comunitária em rituais e ações sociais. - Cerâmica São João, Mestre João
Ateliê tradicional onde o barro vira arte e memória, em vivências que revelam a ancestralidade oleira de Caratateua. - Atelier Cerâmico, Mestra Sinéia
Espaço criativo que preserva a cerâmica amazônica com as argilas coloridas da ilha e o legado das mestras de Icoaraci. - Chalé Sítio de Maré, Rose e Elivaldo
Vivência agroecológica e gastronômica entre mangues e sabores, celebrando a hospitalidade ribeirinha. - Terreiro Inzo Mukongo, Tatetu Kalité
Casa de tradição bantu-angola que cultiva ancestralidade e promove formação cultural e espiritual aberta à comunidade. - Biblioteca Tralhoto e Boi Misterioso, Mestre Apollo
Espaço que une leitura, boi-bumbá e cultura popular, com oficinas e apresentações que fortalecem o imaginário coletivo. - Casa Preta, Don Perna
Quilombo urbano de arte negra e tecnologias livres, que promove criação, reflexão e pertencimento sobre a afrodiáspora. - Monturo do Urubu, Cordão do Urubu
Quintal comunitário que vira palco de resistência cultural e social em festas e ensaios juninos. - Cordão de Pássaro Tem-Tem, Profª Inaiá Paes
Grupo junino tradicional que encena lendas amazônicas com teatro, música e figurinos vibrantes. - Associação Cultural Colibri, Mestra Laurene
Um dos cordões mais antigos da região, símbolo de beleza e continuidade da arte popular. - Cerâmica Reis, Luiz Gonzaga
Ateliê familiar que transforma barro em peças utilitárias e esculturas, preservando técnicas ancestrais da cerâmica amazônica.
Como visitar
O passeio, com duração de 7 horas, inclui transporte interno e café da manhã para grupos de até 15 pessoas. O agendamento deve ser feito com os diretamente os organizadores do Caratateua Viva! pelos canais oficiais do projeto (@caratateuaviva). As vagas são limitadas e o roteiro é operado conforme as condições de maré.


