O desmatamento na Amazônia Legal caiu 11% entre agosto de 2024 e julho de 2025, segundo dados apresentados nesta quinta-feira (30), pelo governo federal. Com 5.796 km² atingidos, o número é o terceiro menor da série histórica do Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
De acordo com o Prodes, que mede a taxa de desmate por satélite em um período anual – que vai de agosto de um ano a julho do ano seguinte -, a redução é a quarta consecutiva, após oito anos sem trégua de aumento. É o menor número em 11 anos e o terceiro menor da série histórica, iniciada em 1988.
O Pará acompanhou a tendência de queda do bioma, com 2.098 km² desmatados, um recuo de 12,40% em relação ao ano passado, embora seja o estado que responde pela maior taxa de desmate no bioma (36,2%).
Para a ministra Marina Silva, as reduções refletem o fortalecimento das ações de fiscalização e a retomada da governança ambiental, com a reativação de planos de controle do desmatamento e queimadas em todos os biomas.
“Isso é fundamental para que o País contribua ao enfrentamento à mudança do clima em nível global, o que beneficia diretamente a vida dos brasileiros e brasileiras, que já enfrentam, em diferentes medidas, os impactos crescentes do aquecimento global em forma de eventos extremos”, disse.
A ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, destacou que o anúncio, feito a poucos dias da COP30, em Belém, reforça o papel do Brasil no debate climático global.
“Estamos fazendo o dever de casa. Nossos resultados e metas cumpridas mostram que o país tem credibilidade e liderança para propor soluções no enfrentamento à crise climática”, disse.
Segundo o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, as ações de combate ao desmatamento aumentaram 81% nos últimos três anos em relação ao período de 2020 a 2022. Também houve crescimento de 63% no valor das multas e de 51% no número de embargos, com aumento de 49% na área embargada. O reforço nas operações resultou em 25.226 fiscalizações, 12.410 autos de infração e 12.219 apreensões de bens e produtos ilegais.
“Houve um aumento expressivo nos esforços e resultados, o que demonstra a eficácia das ações integradas de combate aos crimes ambientais”, afirmou Agostinho.
Além disso, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) também reforçou sua atuação, realizando 312 ações de fiscalização, 1.301 autos de infração e 816 embargos em unidades de conservação federais.
“Isso só foi possível, graças a novos investimentos, à formação de fiscais especializados e a um plano de ação estratégico. As ações são perenes: estamos fortalecendo a proteção das áreas e removendo com rigor quem invade e grila terras federais”, disse o presidente do ICMBio, Mauro Pires.
Mais monitoramento
O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente (MMA), João Paulo Capobianco, destacou a parceria com a Polícia Federal e o Incra em investigações sobre grilagem e incêndios, além do uso de embargos remotos via imagens de satélite. Segundo ele, o trabalho conjunto gera respostas mais rápidas e embasa políticas públicas com dados concretos.
Essas medidas estão alinhadas à Resolução nº 5.193 do Conselho Monetário Nacional, que determina que, a partir de janeiro de 2026, instituições financeiras deverão consultar os dados do Prodes antes de liberar crédito rural, assegurando que o financiamento não beneficie áreas com desmate ilegal.
O diretor de Clima e Sustentabilidade do MCTI, Osvaldo Moraes, revelou que o monitoramento já resultou no bloqueio de R$ 6 bilhões em operações de crédito.
“Integrar o controle ambiental ao sistema financeiro é um passo decisivo. A mensagem é clara: não haverá espaço para quem insiste em práticas que destroem o meio ambiente”, destacou.
Municípios engajados
A ministra do Meio Ambiente lembrou que nos municípios que aderiram ao programa União com Municípios pela Redução do Desmatamento e Incêndios Florestais na Amazônia (UcM), criado em 2023, a queda chegou a 65,5%. Entre os estados, o único índice negativo foi registrado em Mato Grosso, onde houve aumento de 25% do desmatamento.
O programa, que conta com R$ 826 milhões em investimentos, destina recursos à criação de escritórios locais de meio ambiente, capacitação técnica e aquisição de equipamentos.
“Muitos municípios não tinham qualquer estrutura. Levamos tecnologia, pessoal qualificado e condições reais de atuação”, afirmou Marina.
Degradação em alerta
Apesar dos avanços, especialistas alertam para o aumento da degradação florestal, quando a vegetação é comprometida gradualmente, sem o corte raso total. Segundo o Inpe, o índice saltou de 7% em 2022 para 38% em 2025.
“Se não fosse pelo fogo e pela seca extrema, teríamos registrado o menor índice de corte raso da história. Mas há uma mudança na lógica da destruição, o maquinário está sendo substituído pelo fogo”, observou Capobianco.


