Banco do Brasil e Natura fecharam um convênio de R$ 50 milhões para financiar sistemas agroflorestais (SAFs) na Amazônia. Com meta de recuperar 12 mil hectares e beneficiar mais de 10 mil famílias agricultoras, a iniciativa fortalece a sociobioeconomia e projeta oportunidades de negócios sustentáveis em um mercado global cada vez mais exigente.
O acordo foi anunciado em Nova Iorque, durante eventos paralelos à Assembleia Geral da ONU, e tem como foco a região de Tomé Açu, no Pará.
De acordo com o vice-presidente de Negócios de Governo e Sustentabilidade Empresarial do BB, José Ricardo Sasseron, o modelo possibilita ao agricultor obter e diversificar sua renda durante o ano a depender das espécies cultivadas, podendo aumentar a renda em cerca de 40% quando comparado ao monocultivo.
“Estes modelos agroflorestais são altamente replicáveis e integram a estratégia do BB para o financiamento à sociobioeconomia. Neste ano, atingimos um saldo de R$ 2 bilhões em crédito voltado à sociobioeconomia na região amazônica”, afirmou.
Mais renda para agricultores familiares
A ideia é diversificar a produção de óleo de palma — insumo presente em alimentos, cosméticos, produtos de higiene e biocombustíveis — agregando outras culturas como cacau, açaí e pimenta. Essa combinação aumenta a produtividade, garante resiliência climática e abre espaço para a exportação de produtos com maior valor agregado.
O convênio inclui assistência técnica para orientar investimentos, aquisição de equipamentos e recuperação de áreas degradadas. Assim, cooperativas e associações poderão ampliar sua produção, gerar mais empregos e fortalecer a sociobioeconomia regional.
O projeto tem potencial de atingir 46 comunidades ligadas à cadeia produtiva da Natura, com impacto em mais de 10 mil famílias. Desde 2008, a empresa desenvolve, em parceria com a Embrapa e a Cooperativa Mista de Tomé Açu (CAMTA), o Projeto SAF Dendê, que hoje soma 650 hectares.
Mercado global e imagem do Brasil
O óleo de palma é historicamente associado ao desmatamento em diversos países, o que pressiona empresas globais a adotarem práticas mais sustentáveis. Para a Natura, a transição para sistemas regenerativos é estratégica.
“Nosso objetivo de longo prazo é termos 100% de blend de óleo de palma vindo de práticas regenerativas. Queremos beneficiar não só a Natura, mas toda a cadeia de palma, envolvendo novos agricultores e atraindo investimentos”, afirma Angela Pinhati, diretora de sustentabilidade da empresa.
Esse diferencial pode se tornar uma vantagem competitiva para o Brasil em mercados internacionais cada vez mais rigorosos com critérios socioambientais, especialmente na Europa e nos Estados Unidos.