Durante a Semana do Clima em Nova York, nos Estados Unidos, a CEO da COP30, Ana Toni, declarou que focar em reduzir as emissões de metano no setor de combustíveis fósseis é essencial para diminuir o ritmo e a escala do aquecimento global. No Diálogo de Soluções de Alto Nível, realizado na quarta-feira (24/9), ela disse ainda que o tema estará no centro das discussões durante a COP30, em Belém, daqui a 46 dias.
Para Ana Toni, manter o diálogo sobre o assunto é fundamental para não perder de vista as metas do Acordo de Paris, que busca limitar o aumento da temperatura na Terra. “Se ultrapassarmos o limite de aquecimento de 1,5°C, a redução do metano, no curto prazo, pode fazer uma grande diferença em como podemos diminuir essa diferença”, avaliou, destacando ainda que a aceleração da redução de metano é parte da Agenda de Ação Climática da COP30.
“O metano é responsável por cerca de 30% do efeito estufa. Portanto, precisamos nos concentrar nele, e nossos esforços podem ajudar a mitigar as emissões rapidamente. Esperamos, sinceramente, que a COP30 seja uma plataforma importante para discutir a questão e colocar o foco no metano. Esta é uma das nossas principais agendas de ação”, ressalta.
O Enviado Especial do Secretário-Geral da ONU para Ambição e Soluções Climáticas e fundador da Bloomberg L.P. e da Bloomberg Philanthropies, Michael Bloomberg, que também esteve no encontro, enfatizou que reduzir as emissões de metano é a melhor oportunidade para progredir rapidamente contra a mudança do clima e seus efeitos. Ele citou uma das medidas essenciais para tornar isso possível.
“As emissões de metano são um dos principais impulsionadores das mudanças climáticas, e reduzi-las é uma das nossas melhores oportunidades para progredir rapidamente. Podemos fazer isso simplesmente consertando poços de gás com vazamentos. A tecnologia está nos dando novas ferramentas para encontrar e lidar com esses vazamentos, incluindo novos satélites que a Bloomberg Philanthropies apoiou”, destacou.
Ele alertou também que a redução das emissões de metano depende de ações intersetoriais de diversos segmentos. “Quanto mais governos, empresas e fundações trabalharem juntos, melhor poderemos aproveitar o potencial dessas novas ferramentas para desacelerar as mudanças climáticas e diminuir a destruição que elas estão causando às comunidades em todo o mundo”, acrescentou.
O Diálogo de Soluções, convocado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, pela Bloomberg Philanthropies e pela Equipe de Ação Climática do Secretário-Geral da ONU, pretende possibilitar uma discussão sobre políticas e regulamentações. Além disso, busca ser um espaço para identificar ações prioritárias para a Agenda de Ação Climática da COP30, definindo os próximos passos até a conferência em Belém.
Estratégia rápida e econômica
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o metano é responsável por aproximadamente um terço do aquecimento global causado pela humanidade. Logo, reduzir as emissões é uma das estratégias mais rápidas e econômicas para limitar o pico de aquecimento no curto prazo. Principalmente ao se levar em consideração que a produção e o uso de combustíveis fósseis são responsáveis por cerca de um terço das emissões globais de metano – a maioria das quais pode ser reduzida com soluções prontamente disponíveis e de baixo custo, segundo a ONU.
O progresso da ideia permanece limitado, até o momento, com as emissões anuais de metano de combustíveis fósseis permanecendo perto de 120 milhões de toneladas, de acordo com o programa.
No entanto, o PNUMA avalia que o impulso para reverter este cenário está crescendo por meio do Compromisso Global pelo Metano, roteiros de políticas nacionais e inclusões nas NDCs 3.0, esforços por meio da Coalizão Clima e Ar Limpo e compromissos corporativos por meio da Carta de Descarbonização de Petróleo e Gás e do OGMP 2.0 do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, bem como por meio de avanços tecnológicos em detecção e mitigação.