O Círio de Nazaré, patrimônio cultural imaterial do Brasil, deve atrair cerca de 100 mil turistas e gerar US$ 39 milhões em receitas neste ano. O levantamento da Secretaria de Turismo do Pará (Setur), em parceria com o Dieese, aponta um crescimento de 12,5% em relação a 2024, consolidando o evento como um dos principais motores da economia paraense.
Esses números expressivos não apenas reforçam o Círio como um dos principais produtos turísticos do estado, mas também servem como um termômetro da capacidade de Belém para receber a COP30. A movimentação de dezenas de milhares de visitantes e a gestão de um fluxo de receitas de milhões de dólares demonstram que a cidade possui a infraestrutura e a experiência necessárias para lidar com grandes eventos internacionais.
“O Círio de Nazaré é, ao mesmo tempo, um patrimônio religioso e um vetor de indução positivo da nossa economia. Os números demonstram o crescimento sustentável do turismo no Pará e a força do Círio como fator de atração para incremento do fluxo de turistas e geração de receitas para investimentos e desenvolvimento econômico e social do território paraense”, observa o secretário estadual de Turismo (Setur), Eduardo Costa.
De acordo com ele, o Círio já é considerado a alta estação do turismo do estado, servindo como vitrine para o Pará, ampliando a visibilidade internacional da capital e fortalecendo sua posição como destino turístico estratégico na Amazônia.
Permanência média de sete dias
Em 2024, o gasto médio individual de turistas ficou em torno de R$ 2 mil, distribuídos em uma permanência média de sete dias. A maior parte dos turistas permaneceu entre 1 e 5 dias (52%) ou de 6 a 10 dias (37%).
A pesquisa também revelou que a maioria dos turistas veio de estados vizinhos e grandes centros do país: Maranhão (11,1%), São Paulo (8,8%), Rio de Janeiro (7,8%), Amazonas (6,5%) e Amapá (6%) foram os principais mercados emissores de turistas. Entre os visitantes, 84% estavam ocupados profissionalmente, com destaque para professores, servidores públicos, empresários, médicos e advogados.
Os meios de hospedagem mais utilizados foram hotéis (39,3%), seguidos por casas de parentes (33,1%) e casas de amigos (19,8%). A respeito dos principais meios de transporte utilizados, o avião respondeu por 75,6% das chegadas a Belém, enquanto os ônibus de viagem representaram 14,2%.
O estudo também aponta quais são os destaques e os desafios na organização da festividade como atrativo turístico. A religiosidade, a hospitalidade paraense, a gastronomia, as belezas naturais e a cultura paraense foram os aspectos mais bem avaliados pelos turistas, enquanto, como pontos a melhorar, estão limpeza urbana da cidade, mobilidade/trânsito, segurança e opções de transporte público.
Grande maioria quer voltar
A fidelidade é outro dado marcante do Círio. Ao menos 97% dos visitantes afirmaram ter intenção de retornar para vivenciar a experiência novamente. Além disso, 36% dos entrevistados demonstraram interesse em conhecer outros destinos paraenses.
Entre os lugares mais citados e que despertam a curiosidade dos turistas estão destinos como Salinópolis (20%), Mosqueiro (13,5%), Ilha do Marajó (12%), Ilha do Combu (7%) e Alter do Chão (5%). O número reforça o potencial do Círio como porta de entrada para o turismo regional.
Com crescimento acumulado de 22% na última década, o Círio de Nazaré reafirma sua importância como manifestação cultural e religiosa, mas também como fator econômico. Para 2025, a expectativa de aumento no fluxo de visitantes reforça a necessidade de investimentos em infraestrutura urbana, mobilidade, segurança e serviços turísticos.