A semana será movimentada para a comitiva brasileira nos Estados Unidos. De olho na COP30, o Brasil vai aproveitar a Assembleia Geral da ONU e a Semana do Clima de Nova York para reforçar suas prioridades ambientais. Entre os principais pontos da agenda, está a apresentação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) a investidores e um apelo global para que os países atualizem suas metas climáticas (as novas NDCs) o quanto antes no âmbito do Acordo de Paris.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve participar, nesta terça-feira (23/9), de reunião para promover o TFFF. Apesar de não adiantar detalhes, o governo já confirmou que será o primeiro investidor do fundo, com um valor para padronizar os investimentos que virão depois. Já anunciaram interesse no fundo países como Alemanha, Noruega, Reino Unido, Singapura, China e Emirados Árabes Unidos.
O TFFF foi estruturado por especialistas do governo brasileiro para servir como um fundo de investimento, no qual os investidores (países e entidades privadas) recebem parte dos rendimentos. Outra parte será revertida a nações com florestas tropicais que cumpram os requisitos de preservação ambiental impostos pelo fundo.
Para começar a funcionar, o fundo necessita de US$ 25 bilhões (cerca de R$ 132 bi) em compromissos de investimentos por parte de nações ou entidades filantrópicas. O governo brasileiro se esforça para que esse montante seja atingido até novembro, na COP30. O plano prevê um total de US$ 125 bilhões – sendo US$ 100 bilhões de investimento privado.
O Brasil também aproveitará a Assembleia Geral e a Semana do Clima de Nova York para incentivar os demais governos a apresentarem suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) antes da COP30. Como o Valor observou, até agora, apenas 38 países divulgaram suas novas metas climáticas, um número muito baixo frente às quase 200 nações signatárias do Acordo de Paris.
As NDCs são os compromissos de cada país para combater a crise climática. Elas são a base do Acordo de Paris e têm como objetivo principal a redução das emissões de gases de efeito estufa e a adaptação aos impactos das mudanças climáticas. São metas que cada nação define por conta própria, mas precisam ser atualizadas a cada cinco anos, sempre com maior ambição.
Para isso, Lula organiza um evento de alto nível com o secretário-geral da ONU, António Guterres, com o objetivo de reforçar o apelo pelas NDCs e pelo aumento da ambição dos novos compromissos climáticos dos países.
O administrador-assistente do Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD), o brasileiro Marcos Neto, disse esperar que as novas metas nacionais sejam “muito melhores” do que os compromissos atuais.
“[A projeção de aumento da temperatura do planeta] vai cair mais agora, porque a gente sabe, e eu posso dizer categoricamente por causa do papel que a gente está desempenhando desde [a COP de 2021, em Glasgow], que essa versão 3.0 dos NDCs é muito melhor”, disse Neto ao Valor.
Outro assunto na agenda é a apresentação de um relatório elaborado pelo Conselho do Balanço Ético Global (BEG), liderado pela presidência da COP30 e pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. O documento trará sugestões recolhidas ao longo do ano de cientistas, lideranças empresariais, políticas, religiosas e da sociedade sobre a crise climática. O relatório também será entregue a chefes de Estado durante a Pré-COP, que acontecerá em outubro em Brasília (DF).